Em um planeta com sete bilhões de pessoas, há um estoque
infindável de gente fazendo coisas muito boas e muito ruins. Falemos das boas,
porque para as ruins não falta divulgação.
Nesta semana conheci o caso de um indiano que vive há trinta
anos em um banco de areia de 550 ha. Jadav Payeng, então com 16 anos ficou
penalizado com a área tão sem vegetação que até as cobras morriam. Não faltou
quem tentasse dissuadi-lo, dizendo que só talvez bambus crescessem em um banco
de areia.
E ele começou plantando bambus, um erro frequente em que
pensa em restaurar florestas. A raiz do bambu impressiona pela densidade, mas é
rasa. Muitas espécies de bambu fora de seu lugar de origem se adensam de tal
forma que nada mais cresce.
O Convento da Penha, em Vila Velha, fica no alto de uma
montanha muito íngreme. Por este motivo, os Franciscanos plantaram bambu ali,
causando muita erosão que já destruía a pouca floresta que restava. Em 1990
eles tiveram um trabalho enorme para controlar este bambu, que rebrota
vigorosamente e então poder replantar a floresta que hoje está muito melhor.
Mas Jadav Payeng rapidamente decidiu desobedecer o conselho
e passou a plantar árvores, que terminaram por trazer até Rinocerontes e Tigres
de volta à área.
- Em outro país, você seria feito um herói! Disse um
funcionário do governo indiano.
Talvez em algum outro que não o nosso, que também tem um
plantador solitário de floresta, igualmente pouco reconhecido. Nos anos 50,
Jose Carlos Bolinger Nogueira, ainda como estudante de agronomia, pegava mudas
no Campus da ESALQ para plantar em Cosmópolis. Ele plantava de tudo naquela
época em que ainda nem sabíamos se seria possível restaurar uma floresta, só se
preocupando em deixar uns três metros entre mudas. Esta floresta já passou dos cinquenta
e se deixarmos, passará dos 500.
Outro esforço individual de restauração é o de Yacouba
Sawadongo no Níger. Ele está usando uma técnica ancestral da região de escavar
no solo pequenas bacias que concentram a água da chuva. No centro desta bacia é
plantada uma árvore, em cuja cova é colocado esterco de gado e cupins, que vão
escavar galerias para facilitar a infiltração. Estas árvores, escolhidas por
fixar nitrogênio, terminam por melhorar o solo a ponto de sustentar culturas
rústicas de grãos.
Esse caso tem uma enorme importância social. De fato, o
Níger está conseguindo fazer o Zäi avançar sobre o Saara – um jogo que até há
pouco estava perdido.
Estes três trabalhos mostram que uma pessoa pode, sim, fazer
diferença. Celebre o Jadav Payeng que também existe em você fazendo ainda hoje
algo de bom para o planeta. (EcoDebate)
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