Envelhecimento da população mundial:
O tsunami grisalho
A população mundial atingiu a maior taxa de crescimento da história da
humanidade na década de 1960, cerca de 2,1% ao ano. Foi nesta época que se
começou a se difundir a visão catastrófica da “bomba populacional”. De lá para
cá, o ritmo de crescimento demográfico tem diminuído, estando em torno de 1,1%
ao ano, no quinquênio 2010-15. Ou seja, a chamada “bomba populacional” está
sendo desarmada. A população mundial está crescendo menos e vivendo mais. A
esperança de vida ao nascer era de 48 anos em 1950-55 e subiu para 68 anos no
quinquênio 2005-10.
Mas enquanto a população como um todo cresce em ritmo mais lento, a
população idosa cresce num ritmo mais veloz, pois a grande onda de nascimentos
e de filhos sobreviventes depois da Segunda Guerra Mundial, especialmente das
décadas de 1950 e 1960, está se transformando em uma grande onda de idosos que
chegam à “terceira idade” agora no século XXI.
Alguns autores estão chamando este fenômeno de tsunami grisalho (grey
tsunami).
De fato, existiam no mundo 204 milhões de pessoas com 60 anos e mais de
idade, em 1950. Este número passou para 610 milhões em 2000, para 760 milhões
em 2010 e deve atingir 1.378.945.000 (um bilhão e trezentos e setenta e oito
milhões e 945 mil) idosos em 2030. Enquanto a população total deverá apresentar
um crescimento de pouco mais de 3 vezes entre 1950 e 2030, a população idosa
(60 anos e +) deverá apresentar um crescimento de quase 8 vezes, no mesmo
período. Ou seja, esta onda de tamanho quase 8 vezes maior está sendo chamada
de tsunami grisalho.
Em 1950 o total da população mundial era de 2,532 bilhões de habitantes.
Em 2075, a divisão de população da ONU projeta que o mundo terá 2,539 bilhões
de pessoas com 60 anos e mais de idade. Ou seja, haverá mais idosos no mundo em
2075 do que toda a população mundial de 1950.
Nos países desenvolvidos a população de 60 anos e mais era de 95 milhões
em 1950, passando para 269 milhões em 2010, devendo chegar a 370 milhões em
2030. Nos países em desenvolvimento a população idosa era de 109 milhões de
habitantes em 1950, passou para 491 milhões em 2010 e deve chegar a 1 (um)
bilhão de pessoas em 2030. Portanto, a grande maioria dos idosos (60 anos e +)
do mundo estarão localizados nos países em desenvolvimento.
Paralelamente ao tsunami grisalho houve uma queda das taxas de
fecundidade no mundo. Isto significa que além da redução do ritmo de
crescimento demográfico passa a haver uma mudança da estrutura etária da
população, com o progressivo estreitamento da base e o alargamento do topo da
pirâmide populacional. Ou dito em outros termos, a queda da fecundidade acelera
o processo de envelhecimento populacional. Portanto, o desafio não é apenas o
fato de haver mais idosos na população, mas também o fato de haver menos jovens
e adultos para cuidar e contribuir com a manutenção do padrão de vida desta
população idosa.
Em 1950, as pessoas com 60 anos e mais de idade representavam apenas 8%
da população mundial este número passou para 11% em 2010 e deve chegar a 17% em
2030. Nos países desenvolvidos, as pessoas com 60 anos e mais de idade
representavam 12% da população total em 1950, passando para 22% em 2010 e
devendo chegar a 29% em 2030. Nos países em desenvolvidos, as pessoas com 60
anos e mais de idade representavam apenas 6,3% da população total em 1959,
passando para 9% em 2010 e devendo chegar a 14,4% em 2030.
Portanto, os países em desenvolvimento vão ter o maior volume de pessoas
idosas, mas são os países desenvolvidos que já apresentam o maior percentual de
idosos na população. Isto é, o processo de envelhecimento populacional é
universal, mas os países desenvolvidos vão ter uma carga de dependência
demográfica mais pesada de idosos nas próximas décadas. O tsunami grisalho vai
atingir primeiro os países desenvolvidos e, algumas décadas mais à frente, os
países em desenvolvimento.
O tamanho da onda do envelhecimento vai variar conforme os países e as
regiões. Mas ninguém vai ficar imune ao tsunami grisalho, pois esta onda vai
afetar a dinâmica econômica e demográfica de todo o mundo, que precisa, desde
já, se preparar para lidar com este fenômeno inevitável. (EcoDebate)
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