Membro do MMA antevê derrota e diz que conta
não é só do governo
"É bem provável que o governo saia derrotado em parte das propostas
que fez para o projeto do Código Florestal, mas isso é parte da
democracia", disse ontem a representante do Ministério do Meio Ambiente no
2.º Seminário Internacional Brics Policy Center, Samyra Crespo. Para ela, há no
País "uma coisa autoritária de achar que um presidente pode baixar um veto
e resolver por meio de uma vontade pessoal uma coisa que a sociedade não está
conseguindo resolver".
Antevendo a derrota na votação, Samyra afirmou que "a conta não é
só do governo". "Primeiro, porque quem vota naqueles fulanos somos
nós. Segundo, é verdade que os ruralistas têm enorme poder político e
econômico. Somos um País exportador de commodities, e eles têm um lobby
vigoroso."
Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA,
ela defendeu a proposta do Senado. "Nada menos que isso atenderá."
Após um comentário do professor de Direito Ambiental Fernando Walcacer sobre o
fato de não ter sido criada nenhuma unidade de conservação no atual governo,
Samyra criticou a gestão da ex-ministra Marina Silva. "Marina esteve
completamente errada em sua estratégia, numa postura contra tudo e contra
todos. Não acho que o Ministério do Meio Ambiente deva ser uma ONG. Quem não
tem vocação de ser governo que vá para o terceiro setor."
Sobre a criação de unidades, ela disse que houve uma orientação da
presidente Dilma Rousseff para que fosse feita uma revisão de conflitos não
resolvidos. "Temos 20 processos em andamento e novas unidade serão anunciadas
na Semana do Meio Ambiente."
O economista Sérgio Besserman, presidente do grupo de trabalho para a
Rio+20 da prefeitura do Rio, classificou no debate como "profundamente
infeliz" comentário recente do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o
desenvolvimento sustentável - de que o Brasil "foi um dos únicos países
que colocaram isso em prática". Besserman defendeu a criação de mecanismos
para precificar o custo das emissões de gases-estufa.
Para José Eli da Veiga, professor do Instituto de Relações
Internacionais da USP, um dos pontos em que pode haver consenso na Rio+20 são
os objetivos do desenvolvimento sustentável. Outro é a inclusão de uma
declaração contra subsídios para energias fósseis. Para o sociólogo, analista
político e jornalista Sérgio Abranches, o Brasil "está na defensiva"
e "vai ter de assumir a liderança das negociações ou ser cobrado pelo
fracasso." (OESP)
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