Ar dessa região do Estado está 'severamente
saturado' de ozônio, segundo Cetesb; classificação é a mesma que a de Cubatão e
Guarulhos.
O ar da região de Campinas já atingiu os mesmos níveis de saturação que
o da Grande São Paulo em relação a um dos principais poluentes atmosféricos: o
ozônio. É o que aponta o relatório de severidade do ar da Companhia Ambiental
do Estado de São Paulo (CETESB) deste ano. Dados mostram que as duas regiões
estão severamente saturadas, o pior dos cinco níveis usados pelo governo
estadual para classificar as cidades paulistas.
Os dados, que levam em consideração medições feitas nos últimos três
anos, servem como referência para as autoridades ambientais proibirem ou
liberarem atividades industriais nos municípios. Agora, a região de Campinas se
juntou à Grande São Paulo e à Baixada Santista como os três locais do Estado
onde o ozônio já chegou ao pior nível da escala. O motivo, de acordo com
especialistas, é a instalação de indústrias pesadas em Jundiaí e Paulínia, além
do contínuo crescimento da frota de veículos nesses locais.
Geografia
O relatório da CETESB mostra que até cidades bucólicas, buscadas por
quem quer levar uma vida longe da poluição, como Vinhedo e Holambra, já têm
índices de saturação do ozônio iguais aos de Cubatão ou Guarulhos - outros
poluentes, como poeira e fumaça, continuam menores. O excesso de ozônio é
explicado porque ele não é gerado exatamente no mesmo local onde houve a
combustão. O gás pode se espalhar por até 30 km da fonte poluidora (uma
indústria ou uma avenida movimentada) - todos os municípios nesse raio de uma
estação de medição são classificados no mesmo grau.
A gerente da Divisão de Qualidade do Ar da CETESB, Maria Helena Martins,
afirma que o nível de concentração do gás não deve ser motivo para desespero
dos moradores desses locais. "O índice de severidade não significa que o
ar está ficando irrespirável. Tecnicamente, ele é apenas um parâmetro para
avaliar o impacto de novas indústrias naqueles locais e não é usado para medir
impactos na saúde respiratória", explica.
Já o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, Carlos
Bocuhy, afirma que o crescimento nos índices é preocupante. Ele diz que o
problema vai persistir enquanto a matriz de queima de combustíveis fósseis não
mudar. "Continuamos lançando precursores de ozônio, que são
hidrocarbonetos, que reagem à luz solar e criam o ozônio não desejável."
O ambientalista afirma que a tecnologia menos poluente é compensada
negativamente pelo aumento da frota. E a poluição não tem fronteiras. "De
repente, você foge para o interior para respirar ar puro e está mergulhado em
um fog de ozônio."
O professor Nelson da Cruz Gouveia, da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP), afirma que o ozônio tem alto poder de
irritação das mucosas. "Isso pode levar a doenças respiratórias."
(OESP)
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