ONU quer garantir que
temperatura global não se eleve mais que 2°C
As negociações
climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) devem continuar pressionando
por atitudes mais ambiciosas para garantir que o aquecimento global não
ultrapasse os 2 graus, disse um negociador da União Europeia nesta semana, um
mês depois de os EUA terem sido acusados de apresentar um retrocesso na meta.
Quase 200 países
concordaram em 2010 em limitar o aumento das temperaturas para abaixo de 2
graus Celsius, acima da era pré-industrial para evitar os impactos perigos da
mudança climática, como enchentes, secas e elevação do nível das marés.
Para desacelerar o
ritmo do aquecimento global, as conversações climáticas da ONU na África do Sul
concordaram em desenvolver um acordo climático legalmente vinculante até 2015,
que poderia entrar em vigor no máximo até 2020.
Entretanto,
especialistas advertem que a chance de limitar o aumento da temperatura global
para menos de 2 graus está ficando cada vez menor, à medida que aumenta a
emissão dos gases de efeito estufa por causa da queima de combustíveis fósseis.
“Está muito claro que
devemos pressionar nas negociações de que a meta de 2 graus não é suficiente. A
razão pela qual não estamos fazendo o bastante se deve à situação política em
algumas partes do mundo”, disse Peter Betts, o diretor para mudança climática
internacional da Grã-Bretanha e negociador sênior da UE, a um grupo de mudança
climática no Parlamento britânico.
Na última semana,
cientistas e diplomatas se reuniram em Bangcoc para a reunião da Convenção da
ONU sobre Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês), a última antes do
encontro anual que será realizado entre novembro e dezembro em Doha, no Qatar.
Flexibilidade nas
metas – No mês passado, os EUA foram criticados por dizer que apoiavam uma
abordagem mais flexível para um novo acordo climático – que não necessariamente
manteria o limite de 2 graus -, mas depois acrescentaram que a flexibilidade
daria ao mundo uma chance maior de chegar a um novo acordo.
Diversos países,
incluindo alguns dos mais vulneráveis à mudança climática, dizem que o limite
de 2 graus não é suficiente e que um limite de 1,5 graus seria mais seguro. As
emissões do principal gás de efeito estufa, o dióxido de carbono, subiram 3,1%
em 2011, em um recorde de alta. A China foi a maior emissora do mundo, seguida
pelos EUA.
As negociações para a
criação de um novo acordo global para o clima, nos mesmos moldes de Kyoto, já
iniciaram. Na última conferência climática foi aprovada uma série de medidas
que estabelece metas para países desenvolvidos e em desenvolvimento.
O documento
denominado “Plataforma de Durban para Ação Aumentada” aponta uma série de
medidas que deverão ser implementadas, mas na prática, não há medidas efetivas
urgentes para conter em todo o planeta o aumento dos níveis de poluição nos
próximos oito anos.
Obrigação para todos
no futuro – Ele prevê a criação de um acordo global climático que vai
compreender todos os países integrantes da UNFCCC e irá substituir o Protocolo
de Kyoto. Será desenhado pelos países “um protocolo, outro instrumento legal ou
um resultado acordado com força legal” para combater as mudanças climáticas.
Isso quer dizer que
metas de redução de gases serão definidas para todas as nações, incluindo
Estados Unidos e China, que não aceitavam qualquer tipo de negociação se uma
das partes não fosse incluída nas obrigações de redução.
O delineamento deste
novo plano começará a ser feito a partir das próximas negociações da ONU, o que
inclui a COP 18, que vai acontecer em 2012 no Catar. O documento afirma que um
grupo de trabalho será criado e que deve concluir o novo plano em 2015.
As medidas de
contenção da poluição só deverão ser implementadas pelos países a partir de
2020, prazo estabelecido na Plataforma de Durban, e deverão levar em conta as
recomendações do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC, na sigla em inglês), que será divulgado entre 2014 e 2015.
Em 2007, o organismo
divulgou um documento que apontava para um aumento médio global das temperaturas
entre 1,8ºC e 4,0ºC até 2100, com possibilidade de alta para 6,4º C se a
população e a economia continuarem crescendo rapidamente e se for mantido o
consumo intenso dos combustíveis fósseis.
Entretanto, a
estimativa mais confiável fala em um aumento médio de 3ºC, assumindo que os
níveis de dióxido de carbono se estabilizem em 45% acima da taxa atual. Aponta
também, com mais de 90% de confiabilidade, que a maior parte do aumento de
temperatura observado nos últimos 50 anos foi provocada por atividades humanas.
(EcoDebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário