A Nigéria pode se
tornar, em termos demográficos, o país de maior crescimento absoluto no século
XXI. A população nigeriana era de 37,8 milhões de habitantes em 1950 (época em
que a população brasileira era de 52 milhões) e chegou a 124 milhões no ano
2000 e a 158 milhões em 2010. Mais que quadruplicou em 60 anos e aumentou em 34
milhões de habitantes somente na última década (o Brasil aumentou 20 milhões,
em números redondos, de 170 para 190 milhões de habitantes entre 2000 e 2010)
A divisão de
população da ONU estima que a Nigéria terá uma população de 230 milhões de
pessoas em 2030, maior, portanto, do que a população brasileira que deve ficar
em torno de 210 milhões nesta data. Para o ano de 2050, a Nigéria teve atingir
uma população de 348 milhões, na hipótese baixa, de 390 milhões na hipótese
média, e de 504 milhões de habitantes na hipótese alta. Para o final do século
as hipóteses são: 505 milhões de habitantes, na hipótese baixa, de 730 milhões,
na média, e 1,02 bilhão na hipótese alta.
Ou seja, a população
da Nigéria pode variar entre 505 milhões a 1,02 bilhão de habitantes em 2100,
dependendo fundamentalmente do comportamento das taxas de fecundidade e um
pouco menos da migração. Desta forma, a população da Nigéria que ainda hoje é
menor que a população brasileira pode ter um número de habitantes cinco vezes
maior do que o Brasil no final do corrente século. Porém, o Brasil tem um
território muito maior, assim como maiores recursos naturais.
Em 2010, a densidade
demográfica no Brasil era de 23 habitantes por km2, enquanto na Nigéria era de
171 habitantes por km2. Para 2100, a densidade demográfica do Brasil deve cair
para 21 hab/km2, enquanto na Nigéria deve chegar a 790 hab/km2. Evidentemente,
esta alta densidade demográfica vai dificultar a articulação entre crescimento
econômico, inclusão social e proteção ambiental, pois a Nigéria já tinha em
2008 uma pegada ecológica de 1,44 hectares globais (gha) para uma biocapacidade
de somente 1,12 gha, de acordo com o relatório Planeta Vivo 2012, da WWF. Ou
seja, o país africano mais populoso já possui um déficit ecológico e a situação
vai ficar bem pior nas próximas décadas.
A taxa de fecundidade
total (TFT) era de 6,4 filhos por mulher no quinquênio 1950-55 e subiu para 6,8
filhos em 1980-85. Esta alta taxa caiu ligeiramente para 5,6 filhos por mulher
no quinquênio 2005-10. Isto quer dizer que a Nigéria tem uma estrutura etária
jovem e alta proporção de jovens na população. Mesmo com a fecundidade
iniciando uma queda mais acentuada, a população ainda vai crescer muito como os
dados acima mostraram. A projeção média da ONU indica TFT de 3,4 filhos por
mulher em 2045-50 e de 2,2 filhos por mulher em 2100. Portanto, mesmo caindo a
fecundidade nigeriana ainda fica em um patamar bem acima do nível de reposição.
O número anual de
nascimentos na Nigéria estava na casa de 1,8 milhões de bebês na década de
1950, chegou a 3,7 milhões em 1980-85, a 6 milhões em 2005-10, devendo atingir
10 milhões em meados do século e a 11,2 milhões em 2100. Para efeito de
comparação, as estimativas apontam que o Brasil terá menos de 2 milhões de nascimentos
por ano em 2100.
Se este número de
nascimentos da Nigéria se confirmar na casa de 11 milhões e uma esperança de
vida na casa de 76 anos em 2100, então mesmo que a população se estabilize ela
ficará em torno de 830 milhões de habitantes. Este número colocará a Nigéria em
terceiro lugar em tamanho populacional no mundo, devendo superar toda a
população da América Latina e Caribe.
Evidentemente, vai
ser muito dificil para a Nigéria garantir uma melhor qualidade de vida para a
sua população mantendo este alto crescimento demográfico. Será mais difícil
ainda promover a preservação ambiental com o alto crescimento populacional e
com o aumento da produção econômica necessária para atender a demanda por uma
melhor qualidade de vida de um número crescente de habitantes. Mesmo que a
fecundidade caia no ritmo mais rápido (conforme a hipótes baixa da ONU), uma
população superior a 500 milhões de habitantes na Nigéria será um enorme
desafio e o sofrimento será maior entre a população mais pobre e excluída. Por
enquanto, o país conta com certo montante de recursos do petróleo, mas são
fontes fósseis finitas que vão esgotar em breve.
Evidentemente há
alternativas para se evitar um agravamento da situação demográfica, econômica e
social. Mas as possíveis soluções precisam ser agendadas desde já, para se
evitar um desastre humano e ambiental de grandes proporções nas próximas
décadas. (EcoDebate)
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