Cuba é o país mais
avançado das Américas na transição demográfica. Mais avançado do que o Brasil e
os Estados Unidos. Cuba tem as menores taxas de fecundidade do continente e,
consequentemente, vai apresentar o mais rápido processo de envelhecimento. Deve
também apresentar, no século XXI, o maior decrescimento relativo da população
da região.
A ilha de Cuba tinha
uma população de 5,92 milhões de habitantes em 1950, passando para 11,1 milhões
em 2000. Em 2007 o país chegou ao seu pico populacional com 11,269 milhões de
habitantes (sendo 5,67 milhões de homens e 5,6 milhões de mulheres). Entre 2007
e 2010 houve uma pequena queda da população, de 11 mil pessoas, sendo que o
número total de habitantes ficou em 11,258 milhões.
A ONU estima, para o
ano de 2050, uma população cubana de 11,3 milhões na hipótese alta, de 9,9
milhões na hipótese média e de 8,6 milhões, na hipótese baixa. Para o final do
século as hipóteses são: 12,4 milhões de habitantes na hipótese alta, de 7
milhões, na média, e somente 3,7 milhões na hipótese baixa. Ou seja, Cuba já
apresenta uma população em declínio desde 2007 e pode chegar ao final do século
com uma população 3 vezes menor do que a atual, caso as taxas de fecundidade
não se recuperem.
A taxa de fecundidade
em Cuba já era baixa na época de Fulgencio Batista, estando em 4,2 filhos por
mulher no quinquênio 1950-55 e em 3,7 filhos nos cinco anos seguintes. Porém,
após a Revolução Castrista, ocorrida em janeiro de 1959, a fecundidade voltou a
subir, ficando em 4,7 filhos por mulher no quinquênio 1960-65 e 4,3 filhos no
período seguinte. O aumento da fecundidade está associado, em parte, a um
período de desorganização do sistema de saúde no país e, de outro lado, à
euforia revolucionária que se seguiu à chegada dos guerrilheiros da Sierra
Maestra.
Porém, com a expansão
das políticas de cidadania nas áreas de educação e saúde, as taxas de
fecundidade voltaram a cair, ficando em 3,6 filhos em 1970-75 e 2,2 filhos em
1975-80. Na década de 1970, Cuba legalizou o aborto até as doze semanas de
gravidez, tornando-se o único país hispânico em que o procedimento é legal sem
restrições. O acesso universal e irrestrito aos serviços de saúde reprodutiva,
em um quadro de menor demanda por filhos, fez a fecundidade cair para abaixo do
nível de reposição no quinquênio 1980-85 (ficando em 1,9 filhos por mulher) e
chegou a 1,5 filhos por mulher em 2005-10. Se a taxa continuar neste nível ou
abaixo a população de cuba vai envelhecer rapidamente e diminuir em ritmo
acelerado.
A idade mediana da
população de Cuba estava em 38,4 anos em 2010 e deve chegar a 52 anos em 2050,
maior do que as idades medianas do Brasil e dos Estados Unidos que estavam em
29 anos e 36,9 anos, respectivamente, em 2010 e devem chegar a 45 anos e 40
anos, respectivamente, em 2050.
O processo conjunto
de queda da fecundidade e de envelhecimento da população em Cuba reduziu a
percentagem de mulheres em idade reprodutiva e fez o número de nascimentos cair
drasticamente. No quinquênio 1950-55 nasceram em média 197 mil bebês por ano.
Este número atingiu o máximo de 267 mil bebês logo após a Revolução Castrista.
Porém, o número anual de nascimentos caiu para 118 mil crianças no quinquênio
2005-10 e deve cair para 80 mil crianças em 2045-50.
Paralelamente à
transição da fecundidade houve redução da mortalidade infantil e aumento da
esperança de vida. A mortalidade infantil era de 81 por mil no quinquênio
1950-55, caiu para apenas 5,1 por mil em 2005-10 e deve ficar em 4 por mil no
quinquênio 2045-50. Nos mesmos períodos, a esperança de vida era de 59,1 anos,
passou para 78,5 anos e deve chegar a 83,1 anos.
Cuba é um país
atrasado do ponto de vista da estrutura produtiva, mas avançado em termos
demográficos e sociais. A densidade demográfica está em 102 habitantes por km2.
Em termos ambientais, a pegada ecológica per capita dos cubanos estava, em
2008, em 1,9 hectares globais (gha) para uma biocapacidade per capita de 0,71
gha. Portanto, o país, mesmo apresentando baixos níveis de produção e consumo,
possui um déficit ambiental, pois os recursos naturais da ilha não são
abundantes.
Por um lado, o
decrescimento da população cubana vai facilitar a resolução dos problemas
ambientais do país, mas por outro lado, o rápido processo de envelhecimento vai
dificultar as políticas de erradicação da pobreza, pois a razão de dependência
demográfica, aumentando a carga social das pessoas idosas. Cuba é um país que
ainda tem problemas econômicos do Terceiro Mundo, mas já possui uma estrutura
demográfica de Primeiro Mundo. Muitos serão os desafios desta situação em um
quadro de renovação do Partido que se mantém no poder há mais de 50 anos, que
também já está envelhecido, precisando de uma renovação. (EcoDebate)
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