Novo concreto é elaborado a partir da reciclagem de
materiais descartados de indústrias e construções
O produto pode
ser usado em guias, mobiliário urbano, contrapisos e calçadas
Concreto idealizado
pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP em São Carlos substitui
os materiais tradicionais que o compõem por componentes reaproveitados. A areia
de fundição (utilizada em moldes nos processos de fundição de peças metálicas)
substitui 70% da areia normalmente utilizada, e a escória de aciaria (resíduo
que sobra da produção do aço) substitui 100% da pedra. “O produto se utiliza de
resíduos sólidos industriais, fazendo uma reciclagem e dando uma nova
utilização para eles, o que propicia a economia de recursos naturais”, diz o
engenheiro de materiais Javier Mazariegos Pablos. O produto pode ser usado em
guias, mobiliário urbano e na execução de contrapisos e calçadas.
Além disso, esses
resíduos não poderiam sofrer descarte comum, pois são nocivos ao meio ambiente.
Só podem ser dispostos em aterros industriais específicos, a um custo bastante
elevado (cerca de R$200,00 a tonelada). “Essa nova finalidade evita o descarte
dos materiais e, consequentemente, esse custo que as indústrias teriam.”
Inicialmente, o novo concreto foi utilizado para a fabricação de peças para
pavimentação.
O novo concreto
começou a ser pensado por volta de 2008, quando Pablos se tornou professor do
Departamento de Arquitetura, no IAU. Ele levou essa pesquisa para o Grupo de
Estudos ArqTeMa – Arquitetura, Tecnologia e Materiais, onde conseguiu
a parceria com os professores Osney Pellegrino e Eduvaldo Sichieri.
O material já tem um
número provisório de patente. O registro é concedido pelo órgão governamental
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A partir de agora, eles
vão verificar em todo o mundo se já existe algum outro produto com essas mesmas
características. Se for verificado que não, o concreto receberá a patente
definitiva. “Esperamos que ela saia em mais dois ou três meses”, diz o
engenheiro.
Comercialização
A ideia do grupo é levar o concreto para a sociedade, torná-lo um produto comercial, indo além da concepção acadêmica. “Quando você faz uma patente, você tem uma responsabilidade. Não é só gerar o produto, mas viabilizar a aplicação dele no mercado”, diz Pablos, que ressalta a figura da universidade pública nesse processo. “Isso teve um custo para a universidade, além de haver um custo para a manutenção da patente. Para fazer isso valer, o produto tem de ser comercializado”.
A ideia do grupo é levar o concreto para a sociedade, torná-lo um produto comercial, indo além da concepção acadêmica. “Quando você faz uma patente, você tem uma responsabilidade. Não é só gerar o produto, mas viabilizar a aplicação dele no mercado”, diz Pablos, que ressalta a figura da universidade pública nesse processo. “Isso teve um custo para a universidade, além de haver um custo para a manutenção da patente. Para fazer isso valer, o produto tem de ser comercializado”.
Em casos que geram
patentes, a USP fica com 50% de seu valor e os autores com os outros 50%. O
grupo se articula para colocar o plano em prática, estabelecendo contato com
empresas e indústrias que podem vir a se interessar em comprar o concreto na
fabricação de elementos para a construção civil, como peças para pavimentação,
guias, blocos para alvenaria de vedação, mobiliário urbano, além de poder ser
aplicado na execução de contrapisos e calçadas. O preço do novo material é um
atrativo, pois deve vir a ser menor do que os materiais similares já no
mercado. Nesse processo, o grupo recebe a ajuda da Agência USP de Inovação,
núcleo de inovação tecnológica da USP que visa promover a utilização do
conhecimento científico e tecnológico produzido na universidade, levando-a para
os mais diversos meios da sociedade.
O que diferencia esse
concreto dos demais presentes no mercado é seu viés ecológico. Ele se utiliza
de materiais reciclados, que teriam de ser descartados de maneira específica,
porque podem ser nocivos ao meio ambiente. Com isso, esses produtos substituem
as matérias-primas que seriam necessárias para a concepção do concreto, ou
seja, há menos exploração de materiais naturais. “A questão da preservação do
meio ambiente é muito importante e ela esteve presente na idealização desse
novo produto”, finaliza Pablos. (EcoDebate)
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