A maior parte das florestas vulneráveis no mundo está
completamente desprotegida
Procuram-se verbas
para florestas em pé – E, embora um acordo internacional tenha definido que é
necessário preservar 17% das áreas terrestres – o equivalente a duas Argentinas
– falta financiamento, tanto do setor público como do privado, para manter a
floresta de pé, ou, mais ainda, bancar uma transição para uma economia de baixo
carbono.
O cenário faz parte
do relatório “Planeta Protegido 2012 – Monitorando o progresso rumo a metas
globais para as áreas protegidas” [Protected Planet Report 2012: Tracking progress
towards global targets for protected areas], apresentado em 19/10/12 pelo Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), no encerramento da Conferência das
Partes (COP 11) da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica
(CDB), que aconteceu na cidade indiana de Hyderabade. O relatório faz parte,
também, das análises de especialistas sobre as negociações de biodiversidade no
mundo.
Segundo o economista
do meio ambiente Nick Oakes, integrante do programa Global Canopy, a situação
ocorre porque as nações ainda não estão direcionando recursos para uma
transição de modelo econômico. Sendo assim, frente à economia convencional, que
explora a floresta, os escassos investimentos na conservação são completamente
sobrepostos. Oakes lançou seu novo livro “Little Forest Finance Book”, ainda
sem tradução para o português, durante a COP 11, que terminou na semana
passada.
Nele, o economista
aponta que os governos precisam canalizar investimentos para uma agricultura
sustentável, no lugar de continuar apoiando os mercados tradicionais. “Na
economia atual, uma opção é reflorestar áreas degradadas e usar essas árvores
para vender madeira, desviando a extração de madeira das florestas nativas
tropicais. Outra possibilidade é que usuários ou beneficiários da
biodiversidade paguem por esses serviços. Isso pode incluir taxas de entrada ou
impostos sobre áreas protegidas.”
“Turistas em Belize
pagam uma taxa de aeroporto, que é usada para a conservação. Este tipo de
imposição pode ser mediada por governos ou pelo setor privado”, disse Oakes.
Imagem ofuscada – A
questão do financiamento foi o grande entrave da conferência para que os países
fixassem planos para o cumprimento das metas de Aichi – que foram definidas na
COP 10, na cidade de Nagoya, no Japão. Para impulsionar empresas e governos a
dar suporte, seja financeiro, técnico ou humano, a CDB lançou na Índia a
iniciativa Campeões da Biodiversidade. A ação é um convite para que governos,
empresas e outros interessados façam suas propostas de apoio, por meio de um
formulário, e as enviem por e-mail para o secretariado da CDB, o brasileiro
Braulio Dias. Se aceita, ela é publicada na Lista dos Campeões da Biodiversidade,
que revela à sociedade quem está empenhado em ajudar no cumprimento das Metas
de Aichi. Até a última sexta-feira, apenas a Índia figurava na lista.
O Brasil saiu da
COP11 com um troféu nada positivo. O País foi indicado, pela segunda vez, ao prêmio
organizado por uma rede internacional de ONGs, que aponta nações que menos
evoluíram nas negociações. O troféu tem o nome do pássaro Dodo – extinto a
cerca de quatro séculos nas Ilhas Maurício. Entre as razões para o Brasil
figurar na lista está o fato de o governo não levar em conta a biodiversidade
nas negociações sobre o mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e
Degradação (REDD+). O País foi a favor de salvaguardas que separem metas da
biodiversidade daquelas estabelecidas pela Convenção sobre Mudanças Climáticas.
Por fim, as ONGs apontam má relação do governo brasileiro com comunidades
locais e tribos indígenas em áreas de relevância para a conservação de
espécies.
Pouco mais de 12% das
áreas terrestres do mundo são protegidas. A meta é 17%. Nas áreas marinhas, a
situação é pior: apenas 1,6%, enquanto a meta é de 10%. Os compromissos são
para o ano de 2020. (EcoDebate)
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