É a pergunta do
bilhão. A resposta, convincente, pode impulsionar o novo modelo de
desenvolvimento para o século 21. Uma pergunta sempre aparece nos debates sobre
negócios e sustentabilidade: empresa sustentável dá lucro? Uma das muitas
entidades a pesquisar o tema, a Universidade de Harvard, nos EUA, não tem
dúvidas sobre a resposta: sim, as empresas sustentáveis dão lucro e ainda
ganham da sociedade a “licença para lucrar”.
Como a universidade
chegou a essa conclusão? Pesquisando o desempenho das maiores empresas globais
listadas em bolsas de valores, entre 1992 e 2010, e comparando com o número de
políticas de sustentabilidade adotadas por elas nesse intervalo.
Na verificação dessas
listas, a universidade enumerou as 27 políticas de sustentabilidade mais
adotadas pelas empresas, nas áreas de meio ambiente (eficiência energética,
redução de emissão, destinação de resíduos sólidos), social (promoção da
diversidade na empresa e na comunidade, respeito aos direitos humanos, promoção
da agenda do trabalho decente) e governança (transparência nas informações,
código de ética).
Harvard dividiu essas
empresas em dois grupos: as de alta sustentabilidade, que adotam mais de 10
políticas de sustentabilidade e começaram o processo ainda nos anos 1990; e as
de baixa sustentabilidade — que possuem menos de quatro políticas de
sustentabilidade e estão nesse processo desde os anos 2000.
Para verificar a
performance das empresas, Harvard estudou o setor, o porte e a estrutura de capital
de cada uma delas. Completou a análise com os dados obtidos pela leitura de
balanços anuais e de informações nos sites institucionais, bem como entrevistas
de 200 executivos, para confirmar o histórico do processo de gestão
sustentável.
Agregando todas essas
informações, o resultado obtido foi o seguinte: as empresas de alta
sustentabilidade apresentaram melhores taxas de retorno, num período de 18
anos. O patrimônio delas valorizou 30% a mais do que aquele das empresas de
baixa sustentabilidade. A rentabilidade líquida desse primeiro grupo cresceu o
dobro da rentabilidade do grupo de baixa sustentabilidade.
Analisando a evolução
do valor das empresas, ano a ano, também é possível verificar que, mesmo em
momentos de queda nas bolsas, a desvalorização das empresas de alta
sustentabilidade foi significativamente menor que a das empresas de baixa
sustentabilidade.
Por que as empresas
de alta sustentabilidade tiveram esse desempenho? A Universidade de Harvard
também encontrou resposta a essa pergunta: elas apresentam desempenho superior
porque possuem uma governança distinta, como foco no diálogo estruturado com as
partes interessadas, metas sustentáveis sob a responsabilidade expressa da
diretoria e maior parte do investimento direcionado para o longo prazo e para
suprir as necessidades e demandas dos públicos de interesse da empresa.
Outras
características da gestão dessas empresas são o sistema de compensação da
liderança — atrelado tanto ao desempenho financeiro quanto ao cumprimento de
metas sustentáveis — e a tomada de decisões, levando em conta dados financeiros
e de mercado, bem como informações relativas às partes interessadas.
Vale ressaltar que as
empresas de alta sustentabilidade adotaram a gestão sustentável voluntariamente
e antes das demais, lançando tendências de mercado. Portanto, não há mais
motivo para duvidar dos benefícios da sustentabilidade para os negócios. É hora
de pôr mãos à obra! (EcoDebate)
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