quarta-feira, 15 de maio de 2013

Emissões de CO2 elevam acidez de mares árticos

Cientistas têm monitorado mudança na composição química das águas
Os mares árticos estão ficando mais ácidos como resultado de emissões de dióxido de carbono (CO2), segundo um relatório científico.
Cientistas do Center for International Climate and Environmental Research em Oslo, na Noruega, vêm monitorando mudanças na composição química das águas em vastas porções dos oceanos da região.
Segundo os especialistas, mesmo que as emissões cessassem agora, levaria milhares de anos para que a composição química do Oceano Ártico fosse revertida para seu estado original, anterior ao início da atividade industrial no planeta.
Muitas criaturas, incluindo espécies de peixes com alto valor comercial, pode ser afetadas.
Os especialistas preveem grandes mudanças no ecossistema marinho, mas dizem não saber ao certo quais serão essas mudanças.
É sabido que o CO2 aquece o planeta, mas muitos desconhecem o fato de que, ao ser absorvido do ar, o gás também torna os mares alcalinos mais ácidos.
A absorção é particularmente rápida em água fria, então o Ártico é mais suscetível. As diminuições recentes nas quantidades de gelo presentes nos mares durante o verão vêm expondo mais superfícies do mar ao CO2 existente na atmosfera.
A vulnerabilidade do Ártico é exacerbada por quantidades cada vez maiores de água fresca provenientes de rios e gelo terrestre derretido – já que a água fresca é menos efetiva em neutralizar quimicamente os efeitos acidificantes do CO2.
Os pesquisadores dizem que os mares nórdicos estão se acidificando em diferentes profundidades, embora mais rapidamente nas camadas mais superficiais.
Experimento imenso
Em entrevista à BBC, o coordenador do relatório, Richard Bellerby, disse que a equipe mapeou um mosaico de índices diferentes de pH na região. O nível de alteração, ele explicou, foi determinado pela quantidade de água fresca entrando na área.
“Grandes rios fluem para o Ártico”, disse Bellerby. “Temos uma espécie de lente de água fresca na superfície do mar em algumas áreas, e a água fresca diminui a concentração de íons que impedem a mudança no pH. O gelo no mar tem sido uma ‘tampa’ no Ártico, então a perda de gelo está permitindo a absorção rápida do CO2″.
Esse processo está sendo piorado, o cientista disse, por carbono orgânico que chega pela terra – um efeito secundário do aquecimento regional.
“Mudanças rápidas e contínuas são uma certeza”, ele disse.
“Já ultrapassamos limites críticos. Mesmo se pararmos as emissões agora, a acidificação vai durar milhares de anos. É um experimento imenso”.
Nos mares da Islândia e Barents, a equipe de pesquisadores monitorou diminuições de cerca de 0,02 no pH da água a cada década desde o final dos anos 60.
Efeitos químicos associados à acidificação também foram encontrados nas águas de superfície do Estreito de Bering e Bacia do Canadá do Oceano Ártico central.
Cientistas calculam que hoje a acidez média das águas superficiais dos oceanos no mundo é cerca de 30% mais alta do que antes da Revolução Industrial.
Eles dizem que é muito provável que haja mudanças profundas no ecossistema marinho do Ártico como resultado.
Por exemplo, algumas espécies importantes de presas, como as borboletas do mar, podem ser prejudicadas. Outras espécies podem ser beneficiadas.
É provável que peixes adultos sejam bastante resistentes, mas o amadurecimento dos ovos dos peixes pode ser prejudicado.
Ainda é muito cedo para saber.
O Ártico
A região ártica contém um vasto oceano coberto de gelo em cujo centro está o Pólo Norte
No perímetro do Círculo Ártico, o Sol não nasce no dia mais curto do ano
O homem habita a região ártica há milhares de anos e hoje a população local é de 4 milhões de habitantes
Geólogos calculam que o Ártico contenha até 25% das reservas de gás natural do planeta. (EcoDebate)

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