Mais uma das minhas comparações estapafúrdias, não é?
Sabem entre outras coisas eu sou consultor de projetos de
TI(Tecnologia da Informação), e um dos grandes desafios que enfrentamos é;
* primeiro entender os procedimentos e processos internos
das empresas e seus negócios,
* segundo maior desafio, fazer com que os contratantes
(empresários ou executivos) entendam a necessidade desta “perda de tempo”.
O problema é que a maioria das pessoas confunde tecnologia
com milagre! Como consequência disto, não são poucas vezes que assumo projetos
cujos prazos estouraram a muito tempo, em muitos casos sou contratado até pela
empresa que está fornecendo os serviços de TI, pois o trabalho não fecha. E não
fecha por quê? Simples, simplismo.
E o que isto tem a ver com a redução da maioridade penal e a
emissão de gás carbônico? Parece que agora eu pirei de vez, não?
Mas não, o que liga estas coisas é justamente isso simplismo.
Impactados diariamente por notícias veiculadas pela grande
mídia, sobre violências e barbaridades realizadas por menores, o que vemos não
são adolescentes, mas monstros assassinos e estupradores. Logo, com a nossa
sensibilidade aflorada, a defesa de mudanças em nossa lei, que mandem estes
indivíduos para prisão, é não mais que óbvia.
Afinal o clamor é por justiça. Ou será vingança? Vamos
caminhar um pouco mais no assunto para ver onde podemos chegar, vamos pensar um
pouco quais as razões, que podem nos fazer desejosos de mudar a maioridade
penal.
Temos medo, com
tantas notícias que tem sido veiculadas a este respeito, chegamos a conclusão
que a única forma de lidar com estes indivíduos, é colocando-os na cadeia, para
que paguem por seus crimes e sejam reeducados para inseri-los novamente na
sociedade.
Porém, temos um sistema penitenciário com esta capacidade?
Os jovens se postos em nossas “cadeias” receberão formação, de forma que
poderão ser reinseridos na sociedade, depois de terem cumprido suas penas e
pago sua dívida com a sociedade?
Quem esta falando
nisto? Eu só quero segurança.
Não fique assustado, entendo que politicamente correto, em
geral ninguém dará estas resposta a não ser os assumidamente reacionários de
plantão. Porém quando tratamos do assunto de forma irrefletida; é exatamente
esta a linha de raciocínio, ou em outras palavras, pela falta de raciocinar
sobre o assunto, a única coisa que se tem em mente, é, “colocar estes
indivíduos na cadeia”.
Outros poderão ainda dizer, que o fato de haver uma
probabilidade de punição, fará com que estes jovens reflitam melhor sobre seus
atos, uma vez que eles terão consequências, e vamos falar sobre isto já, já.
Note que não estou sendo nem contra nem a favor da redução
da maioridade penal, a proposta é pensar sobre o assunto, e não simplesmente
seguir a “boiada”.
Mas proponho sim analisar a questão por camadas e outras
perguntas;
Qual o papel ou o dever da sociedade para com os jovens?
Interessante notar que Freud em seu livro o Mal Estar da Cultura, já falava do
pacto social, que visa preservar os direitos da maioria, o que acaba implicando
no cerceamento no direito da minoria anteriormente forte. Neste quesito
obviamente ele trata do poder de uma “força física”. Porém mesmo que usemos
esta lógica, onde pode-se afirmar uma força mesmo que física, ser maior dos
jovens em relação a sociedade.
Também temos que
pensar é lógico na segurança da sociedade, pois estes jovens são perigosos,
pois eles não pagarão por seus delitos.
Voltamos a questão, o que desejamos como sociedade, que seja
feito destes jovens de dos demais criminosos? Que vão para cadeia?
Mas o sistema prisional não é, ou não deveria ser uma “lata
de lixo humana”, joga-se o que achamos não prestar lá dentro botamos para fora
e pronto. Neste passo de ignorância em relação ao destino destes seres humanos,
é que a violência e o poder das facções criminosas cresceram e consolidaram seu
poder, dentro das nossas latrinas. E agora, aproveitando a figura de linguagem,
“jogam a merda para fora”.
E como vamos continuar ignorando o problema; qual será o
próximo passo? A pena de morte?
Não de forma
alguma, temos apenas que baixar a maioridade penal, para que os jovens, sabendo
que serão presos, se quebrarem a lei.
Sim, da mesma forma que nós, mesmo sabendo do destino da
terra e consequentemente da humanidade, continuamos com as mesmas atitudes e
valores. Sabemos que em breve a vida humana no planeta, estará comprometida se
não mudarmos nossos rumos.
Desde coisas bem simplesinhas, como a dificuldade que temos (eu
disse temos tá), de abrir mão do “conforto” de usar nossos carros, ou do uso de
sacolas plásticas, exagero no gasto de energia elétrica, etc. Enfim na
realidade são inúmeros “confortos” sem os quais não sabemos viver. Sabemos,
para começo de conversa, que nosso estilo de vida, é altamente emissor de CO2,
fora o fato de esgotarmos os recursos do planeta que sustentam este padrão
perdulário que temos, enfim não é segredo algum que estamos cavando a própria
cova, da mesma forma que os jovens que infringem a lei, sabem que serão presos.
Porém não mudamos nossos hábitos, pois fomos “educados” para seguir desta
forma, mesmo conscientes do perigo, não sabemos como mudar, podemos dizer até
que somos “impelidos” a este rumo.
Então fica a pergunta, se nós cultos e conscientes dos
riscos, não mudamos nosso caminho, como podemos esperar que o simples fato, dos
jovens poderem ser presos e penalizados fará deles melhores cidadãos?
Precisamos aplicar nesta análise, os mesmos níveis de
complexidade que usamos, para “legitimar” ou digamos analisar nossa própria
dificuldade de mudanças de postura. E aplicar tanto nos jovens, como nos
adultos, infratores da lei civil ou da natureza.
Pois a lei civil pode nos colocar na cadeia, a do equilíbrio
do planeta, extinguirá nossa civilização.
Proponho então que tudo comece na “educação”, e não estou
dizendo da apenas da formal, ou melhor daquela que visa fabricar profissionais,
mas aquela que procura cultivar seres humanos.
Qual?
Religião? Pode ser, desde que seja dialogal.
Filosofia, Sociologia, Antropologia, Psicologia, etc? Também
podem ser, da mesma forma, dialogando.
Fecho então com um JABÁ.
Além de gestor de projetos em TI, dou palestras e formações
que visam este repensar. Aliás o que gosto mesmo de fazer é isto, repensar.
(EcoDebate)
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