Estados Unidos versus China: cooperação ou conflito à vista?
O mundo está passando por uma mudança de hegemonia
macroeconômica, com o dinamismo das atividades produtivas indo do Ocidente para
o Oriente, do Atlântico para o Pacífico e dos Estados Unidos (EUA) para a
China. Sempre que acontece este tipo de mudança, potencialmente, há perigo para
a paz mundial.
Em 1980, o mundo tinha uma população de 4,45 bilhões de
habitantes, a China 983,2 milhões de habitantes (22,1% do total mundial) e os
Estados Unidos 230 milhões de habitantes (5,2% do total mundial), segundo a
divisão de população da ONU. O Produto Interno Bruto mundial era de 11,3
trilhões de dólares em 1980, sendo de 2,8 trilhões de dólares nos EUA (com
renda per capita anual de 12,3 mil dólares) e de 250,1 bilhões de dólares na
China (com renda per capita anual de somente 251 dólares), segundo dados do FMI
(em poder de paridade de compra – ppp). Ou seja, O PIB dos EUA representava
24,7% da economia mundial e o PIB da China representava apenas 2,2% da economia
mundial. A renda per capita americana era cerca de 50 vezes maior do que a
renda per capita dos chineses em 1980.
As projeções para 2017 indicam um quadro bem diferente. A
população mundial deve chegar a 7,44 bilhões de habitantes, sendo 1,38 bilhão
na China (18,5% do total mundial) e 329 milhões nos EUA (4,4% do total
mundial). A perda relativa de população tem sido mais rápida na China entre 1980
e 2017. O contrário acontece na economia, pois o PIB mundial em 2017 deve ser
de 112 trilhões de dólares, sendo de 20,4 trilhões na China (18,2% da economia
mundial) e de 20 trilhões nos EUA (17,9% da economia mundial). A renda per
capita dos americanos em 2017 deve ficar em 61,1 mil dólares e a dos chineses
em 14,7 mil dólares, uma diferença de apenas 4,2 vezes.
Entre 1980 e 2017 o PIB mundial deve crescer cerca de 10
vezes, mas o PIB chinês apresentará um crescimento de 83 vezes e o PIB dos EUA
7,2 vezes. A renda per capita chinesa que era 50 vezes menor do que a americana
em 1980 e deve reduzir a diferença para 4,2 vezes. O PIB da China será maior do
que o PIB dos EUA em 2017 marcando, provavelmente, o começo de uma nova
hegemonia nacional na comunidade global. Ou seja, a China diminuiu mais
rapidamente o tamanho relativo da sua população e aumentou o tamanho relativo
da sua economia no panorama internacional. Os Estados Unidos seguiram o caminho
inverso.
Mas a despeito dos conflitos localizados, as duas economias
estão muito interligadas. O fim das exportações chinesas para os EUA poderia
ser um desastre para a China, mas o fim da compra chinesa de títulos americanos
poderia ser um desastre para os EUA. Um país depende do outro. Uma guerra entre
as duas potências seria horrível para ambos os países e para o resto do mundo.
A mudança de hegemonia no mundo já trouxe conflitos
internacionais no passado. A Inglaterra superou a França na virada do século
XVIII para o século XIX, porém só consolidou sua hegemonia após sair vencedora
do período das guerras napoleônicas. A Alemanha tentou superar o Reino Unido na
liderança global, sem sucesso, e a disputa gerou duas grandes guerras mundiais.
Os Estados Unidos só consolidaram sua liderança mundial depois de jogar papel
decisivo na Segunda Guerra Mundial.
O mundo caminha para uma nova mudança na liderança econômica
mundial ainda na corrente década do século XXI, que não é apenas nacional, mas
regional. A China é líder na produção de alimentos, de aço, de construções
civis, de celulares, computadores, etc. A China é considerada a “fábrica do
mundo” e tem avançado na ciência e tecnologia, inclusive deve lançar uma nave
tripulada para a lua nos próximos dez anos. Também tem feitos investimentos
diretos e aumentado seus empréstimos financeiros para todo o mundo, inclusive
se tornando a força externa predominante na América Latina. A China também já é
líder na emissão de gases de efeito estufa (GEE) e na poluição ambiental.
Resta saber, como será a transição de hegemonia entre
Estados Unidos e China? Como o mundo vai enfrentar os problemas ambientais
gerados por estes dois gigantes da depleção da natureza? (EcoDebate)
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