Em 20/08/13 a Terra já esgotou ‘cota anual’ de recursos
naturais
Esgotamento dos recursos renováveis do
planeta chega mais cedo a cada ano, segundo estimativa da ONG. Brasil ainda
está entre os poucos países que consomem menos do que repõem.
Um estudo divulgado
pela ONG Global Footprint Network mostrou que, se a humanidade consumisse
apenas o que a natureza tem capacidade de regenerar no planeta no intervalo de
um ano, já teria esgotado em 20/08/13, a mais de quatro meses de 2014, os
recursos disponíveis.
A data limite,
chamada pela organização anualmente de Dia da Sobrecarga, chega este ano dois
dias mais cedo do que em 2012. Segundo Roland Gramling, representante da ONG
WWF na Alemanha, se a situação continuar assim, em 2050, os seres humanos vão
precisar do equivalente a três planetas Terra para suportar um consumo tão
alto.
“O consumo normal de
recursos naturais por pessoa é de 1,8 hectares por ano. Mas hoje em dia, uma
pessoa costuma utilizar 4,8 hectares na Alemanha, por exemplo. Um americano
chega a utilizar 7 hectares por ano. Países desenvolvidos são os que mais
gastam”, diz Gramling à DW Brasil.
A Global Footprint
Network começou a calcular o Dia da Sobrecarga há uma década, mas centraliza
suas primeiras análises a partir de 1961. Ela usa o conceito de “pegada
ecológica”, uma medição objetiva do impacto do consumo humano sobre os recursos
naturais.
Especialistas
afirmam que, em 2050, os seres humanos vão precisar do equivalente a três
planetas terra para suportar um consumo tão alto.
O Brasil está entre
os países credores, ou seja, que consomem menos do que repõem. Com ele estão
ainda Canadá, Indonésia, Madagascar, Suécia e Austrália. O restante consumiu e
ainda passou dos limites.
Entre os fatores que
contribuem para que o Brasil fique entre os países que exploram menos a
natureza estão a grande área florestal brasileira, concentrada especialmente na
Amazônia, e a densidade demográfica do país, que é uma das menores do mundo.
“A matriz energética
do Brasil, comparada com outros países, é bem maior, o que protege o planeta de
uma certa forma”, afirma Michael Becker, superintendente de Conservação do WWF-Brasil.
Energia renovável
como saída
Para a WWF, que faz o
cálculo da pegada ecológica no Brasil, a saída mais rápida seria investir em
energias renováveis, não só em países desenvolvidos. Uma redução significativa
no consumo de carne por pessoa também ajudaria.
“Nós ainda temos
floresta e água, mas nós estamos devendo muito à natureza. Nós pegamos
emprestado todo o ano, mas não conseguimos pagar de volta”, diz Gramling.
Segundo
coordenador da WWF Brasil, qualidade do consumo dos produtos no Brasil precisa
melhorar.
O cálculo da pegada
ecológica está sendo feito de maneira segmentada no Brasil. O primeiro estado a
ser analisado foi Mato Grosso do Sul, em 2010. Um ano mais tarde foi a vez de
São Paulo passar pela checagem.
“O cálculo traz
informações importantes que ajudam no planejamento da gestão ambiental das
cidades com o direcionamento das políticas públicas, com a meta de reduzir
esses impactos”, afirma Becker.
Segundo ele, o
consumo consciente de alguns produtos poderia reduzir os impactos no meio
ambiente.
“Modificar os padrões
de alimentação ajudaria muito na questão da redução da pegada ecológica no
país. Mas a cultura e os costumes de um país também devem ser levados em
consideração. O que deve melhorar é a qualidade do consumo destes produtos”,
opina.
Becker diz que a
próxima meta da WWF no Brasil é fazer uma análise dos estados brasileiros e
comparar os dados uns com os outros, como mecanismo que controle a redução do
consumo dos recursos naturais no país. A estimativa é de que a comparação comece
a ser feita a partir de julho de 2014. (EcoDebate)
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