FAO levará experiência brasileira com merenda escolar para
América Latina e África
A Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) vai levar a experiência
do Brasil em alimentação escolar para países da América Latina e África. A
intenção é que o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) sirva de base
para que os países aprimorem os próprios programas de oferta de merenda.
“O objetivo é
fortalecer o programa de alimentação escolar que já existe nos países. Não
queremos iniciar programa nenhum. Queremos fortalecer os programas a partir da
realidade deles. Levamos os desafios e oportunidades que já conhecemos no
Brasil, tudo dentro do respeito e da soberania de cada país”, explica a
coordenadora do projeto Fortalecimento dos Programas de Alimentação Escolar da
FAO Brasil, Najila Veloso.
Segundo Najila, o
foco na alimentação escolar é fundamental pois a escola é estratégica para a
discussão da segurança alimentar e nutricional das pessoas. A cooperação foi
uma iniciativa brasileira e teve início em 2009 com cinco países da América Latina.
Atualmente, 11 países fazem parte do projeto que atende a mais de 19 milhões de
pessoas.
Um acordo firmado na
semana passada incluiu a África no programa com expectativa de investimento de
quase US$ 2 milhões. A América Latina recebeu no ano passado US$ 4 milhões para
o desenvolvimento do projeto.
Como parte do
programa, a FAO elaborou um estudo que foi apresentado esta semana para os
gestores e sociedade civil dos países latino-americanos. Os países foram
analisados com base em 16 diretrizes consideradas essenciais pela organização,
para um programa de alimentação escolar de sucesso.
Com o levantamento,
diz a coordenadora, o Brasil pode também avaliar o próprio programa. “A
infraestrutura das nossas escolas está aquém da de alguns outros países. Aqui
não temos refeitórios como referência na construção das escolas, como acontece
em alguns países da América Latina. Nossos meninos ainda comem em pé, ainda
usam pratos e talheres de plástico [mais difíceis de lavar] e muitas vezes têm
que usar colheres para comer alimentos que exigem garfo e faca, como carnes”,
diz Najila.
De acordo com o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável pelo Pnae, o Brasil
atende diariamente 43 milhões de alunos e serve 130 milhões de refeições em
creches e centros de ensino. Sobre a origem dos alimentos, pelo menos 30% vem
da agricultura familiar.
A coordenadora do
Pnae, Albaneide Peixinho, destaca os avanços do programa nos últimos dez anos –
como a ampliação de atendimento para creche e ensino médio e lembra que, quando
criado, o Pnae atendia a apenas alunos do ensino fundamental e da pré-escola.
Além disso, Albaneide
ressalta a importância da agricultura familiar para o envolvimento da
comunidade com a escola. “Grande parte desses agricultores é analfabeto e passa
a frequentar o ambiente escolar, a entender a escola como um espaço público.
Com eles, os estudantes aprendem sobre os alimentos. Os que moram nas cidades
entendem que um frango não vem do supermercado, um ovo não vem da indústria,
que existem pessoas por trás disso”.
O orçamento do Pnae
para 2013 é de R$ 3,5 bilhões, para beneficiar estudantes da educação básica e
de jovens e adultos. Parte desse valor, R$ 1,05 bilhão deve ser investido na
compra direta de produtos da agricultura familiar. (EcoDebate)
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