Em 2009, o Brasil
promulgou a Lei da Política Nacional sobre Mudança Climática (Nº 12.187/09) em
que se compromete, até 2020, a reduzir entre 36,1% e 38,9% das emissões de
gases que causam o efeito estufa. Para alcançar essa meta, uma das principais
medidas é diminuir 80% do desmatamento na Amazônia Legal e 40% no cerrado. A
partir disso, um estudo de mestrado desenvolvido na Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da USP analisou qual o
impacto da redução do desmatamento nessas áreas sobre o setor agropecuário e a
economia brasileira.
A pesquisa Impactos
econômicos da limitação do desmatamento no Brasil foi apresentada, em
abril deste ano, ao Programa de Pós-Graduação em Economia da FEARP pela
pesquisadora Caroline de Souza Rodrigues Cabral sob a orientação do professor
doutor Ângelo Costa Gurgel.
Pesquisa trabalha
com projeções entre os anos de 2020 e 2050
Segundo a
pesquisadora, os impactos econômicos das políticas de limitação do desmatamento
no Brasil são praticamente insignificantes diante dos efeitos positivos da
preservação de milhões de hectares de florestas e cerrados que deixariam de ser
transformados em áreas agrícolas até 2050. Principalmente porque o País tem
capacidade de aumentar a produtividade das pastagens e converter áreas de
vegetação secundária e subaproveitadas em cultivos agrícolas.
Para chegar aos
dados, ela utilizou o modelo de equilíbrio geral computável EPPA, capaz de
considerar as relações entre os diferentes setores da economia e uma ampla gama
de distorções de políticas.
A pesquisa trabalha
com projeções entre os anos de 2020 e 2050, quando o desmatamento na Amazônia e
Cerrado chegaria a zero. O resultado mostrou que a redução na produção setorial
chega a, no máximo, 1,87% na agricultura, 1,81% na pecuária e 1,54% no setor de
alimentos em 2050. As políticas de redução do desmatamento também pouco
alterariam a trajetória de crescimento da economia, gerando uma diminuição de,
no máximo, 0,15% no Produto Interno Bruto (PIB).
Expansão agrícola em
área de vegetação secundária
Por outro lado, serão
68 milhões de hectares de florestas e cerrados que podem deixar de se tornar
área agrícola até 2050, se forem adotadas as políticas de preservação e de
redução do desmatamento. “Sem falar nos benefícios associados ao controle dos
desmatamentos, como a manutenção da biodiversidade e a reduções nas emissões de
gases de efeito estufa, com redução nos danos e prejuízos que podem ser
causados pelas mudanças climáticas”, afirma Caroline.
A pequena queda nas
produções agrícolas pode ser contornada com a adoção de algumas medidas,
segundo a pesquisadora. “O aumento na demanda por produtos agrícolas e
alimentos pode ser acompanhado de aumento da oferta se essa for baseada na
intensificação da produção agropecuária, evitando tendências de crescimento nos
preços de alimentos e a perda de competitividade do setor brasileiro”, disse a
pesquisadora.
Ela cita o exemplo da
pecuária em que a produção poderia ser intensificada de modo a liberar terras
para a produção agrícola, na qual as possibilidades de intensificação são
menores. “As simulações também sugerem que a expansão da fronteira agrícola
pode ocorrer sob a vasta área de vegetação secundária e áreas de cultivo e
pastagens abandonadas e ou degradadas existentes no Brasil, que poderiam ser
melhor utilizadas com a adoção de tecnologias e práticas agrícolas modernas
capazes de aumentar a produtividade tanto da agricultura como da pecuária”.
(EcoDebate)
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