Centro de
conferência da ONU em Estocolmo.
Apesar da polêmica sobre uma possível uma pausa
na evolução da temperatura da Terra, a vida no planeta continua ameaçada, acreditam os representantes do
Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, o IPCC.
Reuniões com mais de
14 horas de duração marcaram as discussões do primeiro relatório de síntese
da 5ª edição do IPCC. O longo trabalho tem como objetivo apresentar à
opinião pública, à comunidade científica e sobretudo aos líderes políticos um
resumo atualizado sobre o que se sabe em termos de alterações climáticas
ocorridas na Terra desde a Revolução Industrial.
O centro dos debates
continuou sendo, nesta terça-feira, o chamado “hiato” ou a suposta
desaceleração do aquecimento global. O motivo da controvérsia é uma constatação
dos próprios cientistas.
Segundo o rascunho do
relatório que vem sendo discutido na Suécia, alguns dados coletados nos últimos
cinco anos apontam para uma pausa na evolução da temperatura nos últimos 15
anos. O texto afirma: “Tendências de temperatura média da superfície global
apresentam variação substancial a cada década, a despeito do robusto
aquecimento desde 1901.”
Mas a seguir o
documento faz uma ponderação que alimentou o ceticismo de uma pequena minoria
dos cientistas que estudam o clima em todo o mundo. Ele afirma: “A taxa de aquecimento
nos últimos 5 anos (1998-2012, de 0,05ºC por década) é menor do que a tendência
desde 1951 (1951-2012, de 0,12ºC por década).”
A referências fazem
parte de dois parágrafos de um texto de 31 páginas, mas concentraram as
discussões até aqui. Para o conjunto dos autores do IPCC, não existe hipótese
de que o aquecimento global não esteja acontecendo. E mais: ele, com 95% de
certeza, responsabilidade do homem.
Por isso, países como
o Brasil e a Alemanha são até mesmo contra a inclusão dos parágrafos no texto
final, por considerar períodos curtos, de 15 anos, “como cientificamente
insignificantes.”
O desfecho da
polêmica será conhecido até a sexta-feira, quando o texto final será divulgado.
Antes disso, porém, algumas certezas já são conhecidas.
O próprio relatório
do IPCC reitera: “A média global de temperatura, combinadas as superfícies de
terra e oceano, indica um aumento de 0,89ºC no período de 1901-2012. Neste
período, quase todo o globo tem experimentado o aquecimento da superfície.”
Ou seja: para os cientistas
e também para os delegados que representam governos de 195 países no IPCC, não
há dúvidas de que o aquecimento global, o derretimento de geleiras e o aumento
do nível dos oceanos está em curso e ameaça a vida na Terra. (EcoDebate)
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