Mudanças no clima vão afetar várias culturas no Brasil
Redução de chuva no
nordeste, aumento de chuva no Sul e Sudeste e menos vazão de rios no
Centro-Oeste são algumas das projeções do primeiro relatório produzido pelo
Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. Os resultados e conclusões dos
cenários projetados foram apresentados em 05/11/13, durante audiência pública
na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da
Câmara dos Deputados.
O pesquisador da
Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) Eduardo Assad participou da
audiência apresentando os impactos das mudanças do clima na agricultura.
Segundo ele, os estudos constataram que houve um aumento na frequência de
fenômenos extremos no Brasil, ou seja, vários dias do ano com temperaturas
muito elevadas, outros com temperaturas muito baixas e chuvas intensas. Mas,
segundo o pesquisador, de maneira generalizada, o Brasil não está apresentando
sinais de redução de temperatura. “Culturas como soja, milho, café e trigo
seriam as mais afetadas com o aumento da temperatura. Já as pastagens e a
cana-de-açúcar seriam beneficiadas”, exemplificou.
De acordo com Assad,
as populações mais pobres vão sofrer mais com as consequências do aquecimento
global. A seca que deverá se intensificar no Nordeste é um dos principais
problemas da região que hoje já afeta cerca de 18 a 20 milhões de habitantes.
“Precisamos investir em opções de culturas adaptadas à seca. Parte da solução,
por exemplo, está no milho desenvolvido para o Nordeste com capacidade de
adaptação ao clima da região. Por que não fazer testes com esse milho no Sul do
país”, questionou.
Por esses motivos, é
necessário, segundo Assad, investir em políticas públicas para resolver o
problema. “Nós até estamos muito bem nessa área, porque já existem políticas
públicas nesse sentido. Em 2010 foi implementado a política de baixa emissão de
carbono que significa melhorar os pastos degradados, ampliar a integração
lavoura-pecuária-floresta, fazer plantio direto correto, fixação biológica de
nitrogênio, reflorestamento, uso de dejetos agrícolas para geração de metano e
energia”, explicou Assad que, citou ainda, o fato de estrangeiros estarem vindo
ao Brasil aprender mais sobre o assunto. Mas segundo ele, é preciso acelerar
esse processo. “Será uma forma de mostrar que nós temos condições de ter a
agricultura mais limpa do mundo e sem nenhum problema de barreira
não-tarifária.”
Além de Eduardo
Assad, outros convidados apresentaram resultados do relatório como o
pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Gilvan Sampaio
de Oliveira, a professora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade
de Brasília, Mercedes Bustamante, o professor da Universidade Federal de
Pernambuco, Moacyr Araujo e o assessor técnico da Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias.
Visão contrária
O professor da
Universidade Federal de Alagoas Luiz Carlos Molion também participou da
audiência apresentando uma visão contrária dos demais participantes sobre as
mudanças climáticas. Para ele, nos próximos 20 anos, haverá um resfriamento
global. “O efeito estufa não controla o clima, quem faz isso é o sol. Os oceanos
são os grandes responsáveis pela alteração do clima e dados comprovam que os
eles estão resfriando ligeiramente”, afirmou. Molion disse ainda que reduzir as
emissões de gases é inútil “Apesar de o CO2 ter sido colocado
como vilão, ele é o gás da vida e não controla o clima global”, concluiu.
(ecodebate)
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