Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas cobra medidas imediatas de mitigação
Relatório do Painel
Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) divulgado em 07/11/13, ressalta a
necessidade de adoção de ações imediatas para reduzir as emissões de gases de
efeito estufa. “O benefício da ação imediata para mitigar a mudança do clima
supera o custo da inação”, destaca trecho do primeiro relatório de avaliação
nacional sobre mudanças climáticas do organismo científico, criado pelo governo
federal de 2009 por meio dos ministérios de Meio Ambiente e da Ciência,
Tecnologia e Inovação.
Esse é o terceiro
volume do relatório produzido pelo PBMC. O documento traz propostas de redução
da emissão de gases poluentes nos setores de energia, indústria, transporte,
edificações, agropecuária e uso da terra. Ele foi lançado pela manhã, em Belém,
durante o Congresso Nacional de Pesquisa e Ensino em Transporte.
“Nesse relatório,
mostramos as opções para os tomadores de decisão para reduzir as emissões, de
forma que a gente não gaste tanto em adaptação [maneiras de amenizar o
impacto]. Existe realmente a possibilidade de redução das emissões, mas depende
de decisões muito mais políticas do que econômicas,” disse a presidente do
comitê científico do PBMC, Suzana Kahn Ribeiro.
O estudo mostra que o
Brasil, em 2010, reduziu as emissões para 1,25 bilhão de toneladas de dióxido
de carbono (CO2), em comparação com as emissões de 2,03 bilhões de
toneladas em 2005 por causa do êxito no combate ao desmatamento. Entretanto, o
documento informa que “após 2020, serão necessárias medidas adicionais de
mitigação, devido à tendência de aumento das emissões provenientes da queima de
combustíveis fósseis no país”.
“Houve diminuição da
emissão de gases de efeito estufa por causa da redução do desmatamento. Isso
tem um limite. Estamos atingindo a nossa meta, mas, nas próximas décadas, a
redução terá que ocorrer nos setores de energia, transporte e agricultura”,
acrescentou Suzana.
Segundo o PBMC, as
liberações de dióxido de carbono no Brasil passaram, a partir de 2010, a serem
determinadas pelos setores de energia, por causa da queima de combustíveis
fósseis, e da agropecuária. As soluções passam pelo uso de energias alternativas,
eficiência energética e um padrão de consumo e produção menos intensivo em
carbono, que é causador do efeito estufa. Os pesquisadores também destacam que
os setores de transporte e indústria são fontes importantes de emissões.
O relatório estima
que as emissões do setor elétrico vão aumentar 130% na década entre 2011 e
2021, e aponta que medidas de eficiência energética e o incentivo às pequenas
centrais hidrelétricas, às térmicas a bagaço de cana-de-açúcar, e às energias
solar e eólica deve ser adotado para mudar o cenário.
As emissões de gases
poluentes da agropecuária representam 35% do total do Brasil, “mantendo-se uma
tendência crescente”, segundo o estudo. Grande parte das emissões no setor está
associada ao produzido pelo rebanho bovino e o manejo das culturas de soja,
milho, cana-de-açúcar e arroz que, juntas, ocupam mais de 70% da área
cultivada.
“De 1990 a 2005,
houve um aumento de 37% das emissões no setor, considerando-se basicamente o
óxido nitroso e o metano, fruto não somente do crescimento dos rebanhos e da
área plantada, mas também da maior utilização de tecnologias”, diz o texto. Os
pesquisadores destacam que a recuperação de pastagens e a expansão de plantios
comerciais de florestas são oportunidades de mitigação.
No setor de transportes,
de acordo com estimativas para 2020, o transporte rodoviário poderá emitir 60%
a mais do que em 2009, alcançando 270 milhões de toneladas de CO2. A
redução do uso de transportes motorizados e o emprego de fontes de energia mais
limpas, como os biocombustíveis, são algumas das propostas do PBMC.
O primeiro volume do
relatório do painel, publicado em setembro, mostrou que haverá alta nas
temperaturas do país no decorrer do século, diminuição das chuvas no Norte e
Nordeste e aumento de chuva no Sul e Sudeste. Em outubro, a segunda parte do
relatório apontou que agricultura deve ser o setor da economia mais afetado
pelas mudanças climáticas ao longo do século 21. (ecodebate)
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