Pesquisa ‘Vidas Perdidas e Racismo no Brasil’ apresenta
dados sobre violência contra negros
Alagoas, Espírito
Santo e Paraíba concentram maior número de negros vítimas de homicídio.
Portal CTB – Central
dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
Em Alagoas, os homicídios reduziram em quatro anos a
expectativa de vida de homens negros. Entre não negros, a perda é de apenas
três meses e meio. O estado nordestino apresentou o pior resultado entre todas
as Unidades da Federação, de acordo com um estudo divulgado pelo IPEA em
19/11/13, véspera do Dia Nacional da Consciência Negra.
A Nota Técnica Vidas Perdidas e Racismo no Brasil
calculou, para cada estado do país, os impactos de mortes violentas (acidentes
de trânsito, homicídio, suicídio, entre outros) na expectativa de vida de negro
e não negros, com base no Sistema de informações sobre Mortalidade (SIM/MS) e
no Censo Demográfico do IBGE de 2010.
“Enquanto a simples contagem da taxa de mortos
por ações violentas não leva em conta o momento em que se deu a vitimização, a
perda de expectativa de vida é tanto maior quanto mais jovem for a vítima. Em
segundo lugar, a expectativa de vida ao nascer é um dos principais indicadores
associados ao desenvolvimento socioeconômico dos países”, explica o
texto da pesquisa.
O estudo, de autoria
do diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e Democracia
(IPEA), Daniel Cerqueira, e de Rodrigo Leandro de Moura, da Fundação
Getulio Vargas (IBRE/FGV), analisou ainda em que medida as diferenças nos
índices de mortes violentas podem estar relacionadas a disparidades econômicas,
demográficas, e ao racismo. De acordo com os autores, “o componente de racismo não pode ser rejeitado para explicar o diferencial
de vitimização por homicídios entre homens negros e não negros no país”.
Taxa de homicídio
Considerando apenas o universo dos indivíduos que sofreram
morte violenta no país entre 1996 e 2010, constatou-se que, para além das
características socioeconômicas – como escolaridade, gênero, idade e estado
civil –, a cor da pele da vítima, quando preta ou parda, faz aumentar a
probabilidade do mesmo ter sofrido homicídio em cerca de oito pontos
percentuais.
Novamente Alagoas é o
local onde a diferença entre negros e não negros é mais acentuada – a taxa de
homicídio para população negra atingiu, em 2010, 80 a cada 100 mil indivíduos.
No estado, morrem assassinados 17,4 negros para cada vítima de outra cor.
Espírito Santo e Paraíba também são destaques negativos no ranking elaborado
pelo Ipea, com, respectivamente, 65 e 60 homicídios de negros a cada 100 mil
habitantes (no Espírito Santo os assassinatos diminuem a expectativa de vida
dos homens negros em 2,97 anos; na Paraíba, em 2,81 anos).
“O negro é duplamente discriminado no Brasil,
por sua situação socioeconômica e por sua cor de pele. Tais discriminações
combinadas podem explicar a maior prevalência de homicídios de negros vis-à-vis
o resto da população”, afirma o documento. (ecodebate)
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