Grupo compra área de cria floresta privada com cotas de
patrocínio no mercado para outras empresas dispostas a investir para ajudar a
preservar o meio ambiente.
Lucrar com a preservação da Amazônia. Essa é a proposta da
Empresa Brasileira de Conservação de Florestas (EBCF), uma companhia formada
por grupos empresariais do Paraná em sociedade com um ex-madeireiro do
Amazonas, que lançou seu projeto no mercado neste ano.
O modelo prevê a compra de florestas privadas para
preservá-las e receber o retorno financeiro por meio de vendas de cotas de
patrocínio a empresas, crédito de carbono e manejo sustentável de produtos
amazônicos.
O negócio foi constituído após a criação de uma lei
ambiental pelo governo do Amazonas, em 2010.
Foi criada uma nova categoria de uso de solo, a Reserva
Particular de Desenvolvimento Sustentável (RPDS), que responsabiliza o
proprietário pela conservação da floresta, mas permite que ele desenvolva
atividades na área – ecoturismo, uso de recursos florestais não madeireiros e
pesquisa científica, por exemplo.
A EBCF conseguiu em junho deste ano o primeiro registro de
RPDS para uma área de 200 milhões de metros quadrados de mata nativa no município
de Manicoré, a 333 quilômetros de Manaus. De lá para cá, a tem tentado atrair
as empresas para investir no projeto.
Biodiversidade
Produtos da Amazônia
Nesta semana, fechou parceria com a americana Paklab,
especializada em desenvolver fórmulas para cosméticos e que tem gigantes como
P&G, Unilever e L’Oréal como clientes.
Em uma primeira fase, que começa em 2014, a empresa fará o
mapeamento dos princípios ativos dos produtos amazônicos, como tucumã e
copaíba, e de como podem ser aplicados na indústria de cosméticos. Depois, a
EBCF fornecerá os produtos para a Paklab.
"Vamos processar em Manaus e enviar para a fábrica da
Paklab na Califórnia", disse Leonardo Barrionuevo, presidente da EBCF.
"O manejo sustentável de produtos não madeireiros será a nossa principal
receita." A meta da empresa é faturar R$ 10 milhões em 2014.
Além da venda de produtos amazônicos, a companhia tenta
viabilizar outras frentes de receita – como crédito de carbono e patrocínio
ambiental. Na prática, quer disputar com ONGs as verbas das grandes companhias
para projetos de sustentabilidade.
O lançamento oficial da empresa foi feito no fim de agosto,
em um jantar no apartamento do casal de publicitários José Victor e Tatiana
Oliva, com a presença de executivos da Ambev, Land Rover, Unilever, JHSF, entre
outras. "As empresas querem associar sua marca à Amazônia. Em 2014, o
mundo inteiro vai olhar para o Brasil. É uma boa oportunidade de
marketing", disse Tatiana, que comanda a agência Cross, que negocia as
parcerias da EBCF.
O projeto prevê customizar as campanhas para os clientes. A
EBCF, por exemplo, pode oferecer a uma construtora a opção de dar ao cliente
que comprar um apartamento, simbolicamente, um pedaço da Amazônica e dizer que
ele ajudou a preservar esse espaço. "O cliente pode receber uma referência
geográfica e consultar no Google onde está sua área", explica Tatiana. Até
agora, nenhum contrato foi fechado.
Negócio
Apesar de ter como foco os negócios relacionados à Amazônia,
a EBCF é controlada por grupos paranaenses. À frente da EBCF está a família
Barrionuevo, dona do Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia, de aterros
sanitários e sócia do grupo J. Malucelli, dono de 70 empresas e com faturamento
de R$ 1,35 bilhão em 2012, na sua divisão de gestão ambiental, a J.Malucelli
Ambiental.
Se uniram a eles outros empresários paranaenses: os grupos
Tucumann e Pattac, que também são sócios da Cataratas do Iguaçu SA, empresa que
administra o parque nacional das Cataratas do Iguaçu (PR) e de Fernando de
Noronha (PE).
O último acionista a entrar no grupo foi o fazendeiro
amazonense Valdenor da Costa Junior, dono da propriedade que depois se tornou a
primeira RPDS. Ele tinha um projeto aprovado para extrair madeira da floresta e
foi ao Paraná para tentar vender madeira ao grupo J.Malucelli.
Na conversa com os empresários paranaenses mudou de ideia e
se tornou acionista da EBCF. Ele entrou no negócio dando a propriedade,
avaliada em R$ 35 milhões, como aporte. "Não é que o projeto madeireiro
seja ruim. Mas esse é melhor. É mais gratificante e pode ser mais
lucrativo", disse Costa. (OESP)
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