Mudança climática pode ser causa da onda de frio na América
do Norte
Baixas temperaturas resultam de desvio de ar do Ártico para
o sul.
Regiões leste do Canadá r dos Estados Unidos sofrem com frio
extremo.
Foto tirada em 06/01/14 mostra homem retirando neve de uma
calçada em Detroit, em Michigan, nos Estados Unidos. O estado foi atingido por
uma grande tempestade de neve.
A forte onda de frio que tem
castigado a América do Norte é resultado de um "desvio" do ar do
Ártico para o sul e as mudanças climáticas podem ser a causa deste evento
incomum, afirmou um especialista em 06/01/14.
O ar do Ártico costuma ficar
confinado no topo do mundo devido a um potente vento circular chamado vórtice
polar, explicou Dim Coumou, cientista sênior do Instituto Potsdam de Pesquisas
sobre o Impacto Climático (PIK), perto de Berlim.
Quando o vórtice perde força, o ar
começa a se dirigir para o sul, levando neve e frio excepcionais para latitudes
intermediárias. A mudança climática também é impulsionada por mudanças em um
vento de altitude elevada chamada corrente de jato.
Esta convecção, que costuma
circundar o hemisfério norte de forma robusta e previsível, começa a oscilar,
criando círculos de clima extremamente frio ou de um clima moderado fora de
época, dependendo da localização.
"Nós vimos uma forte oscilação
da corrente de jato e o ar frio associado ao vórtice polar se moveu na direção
sul. Neste caso, sobre as regiões leste do Canadá e dos Estados Unidos, levando
este clima frio extremo", afirmou Coumou.
Ele destacou que o fenômeno se
repetiu nos últimos anos. O que impulsiona o vórtice polar é a diferença de
temperaturas entre o Ártico e as latitudes medianas, disse Coumou.
Antes agudo, este diferencial foi
perdendo nitidez nos últimos anos à medida que o Ártico - onde as temperaturas
estão subindo cerca de duas vezes acima da média mundial - aquece, explicou.
"Nós temos visto este tipo de
onda de frio com mais frequência nos últimos invernos na Europa, mas também nos
Estados Unidos", disse Coumou em entrevista por telefone.
"A razão pela qual nós vemos
estas fortes oscilações ainda não é totalmente conhecida, mas está claro que o
Ártico está esquentando muito rapidamente. Temos dados confiáveis sobre isto.
As temperaturas no Ártico aumentaram muito mais do que em outras partes do
globo", acrescentou.
No mês passado, cientistas europeus
indicaram que o volume de gelo marinho em novembro tinha sido cerca de 50%
maior do que há um ano. Apesar dessa recuperação, o gelo marinho mantém baixas
próximas do recorde documentado e a tendência geral é de recuo, afirmaram.
Coumou alertou que o gelo marinho
do Ártico "é apenas um dos fatores importantes" por trás da disfunção
do vórtice polar. "Outros fatores incluem a cobertura de neve, eventos de
aquecimento estratosférico ou outros fenômenos de curto prazo", afirmou.
(g1)
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