Nível
de reservatórios do Centro-Oeste e Sudeste volta a cair
Represas da região estão com apenas 35,5% da capacidade, o nível mais baixo
desde 2001, apesar das chuvas do fim de semana, reservatórios das hidrelétricas
dessas regiões estavam em 16/02/14 com 35,5% da capacidade.
O nível dos reservatórios da região Sudeste/Centro-Oeste
segue em queda livre. Dados divulgados pelo Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS) mostram que o volume de água armazenada nas duas regiões
representa apenas 35,5% da capacidade total dos reservatórios, o nível mais
baixo desde 2001. No histórico de dados do órgão, não há informações sobre dias
específicos de anos anteriores. Entre os meses janeiro e fevereiro de 2001,
contudo, o nível dos reservatórios variou entre 31,41% e 33,45%. Em 13/02/14 o
nível estava em 35,9%.
No Nordeste, o nível está em 42,4%, enquanto os
reservatórios do Sul operam com 43% da capacidade. A situação mais confortável
é a da região Norte, com 72,4% do volume total de água armazenada.
O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espacial
(INPE), Gilvan Sampaio, pondera que a falta de chuvas em pleno verão se tornará
cada vez mais frequente no Brasil nos próximos anos. A razão é o aumento da
temperatura em todo o globo terrestre, o que tende a potencializar a
intensidade dos eventos climáticos no futuro.
Como o sistema elétrico brasileiro é predominantemente
hidroelétrico, o pesquisador chamou atenção para a importância de o setor estar
preparado para lidar com as mudanças climáticas.
"Os extremos climáticos serão mais frequentes. Quando
chove, chove com maior intensidade. O período seco será mais prolongado e
intenso. Essas questões precisam ser incorporadas na operação das hidrelétricas
brasileiras", afirmou.
O aumento das temperaturas tem colocado em xeque uma máxima
conhecida entre os especialistas em meteorologia, de que no Brasil o verão é
chuvoso e o inverno, seco. Em 2014, tem ocorrido o oposto, com o verão
extremamente seco. A causa é um bloqueio atmosférico formado por uma massa de
ar quente e seca, que tem impedido o avanço das frentes frias causadoras das
chuvas.
Sampaio explicou que, normalmente, esse sistema de alta
pressão se forma no meio do oceano Atlântico. Porém, essa massa se posicionou
mais próxima ao continente desta vez. Além de impedir as chuvas, o sistema de
alta pressão se caracteriza por temperaturas elevadas, como pode ser observado
nos sucessivos recordes de temperaturas registrados nas principais cidades
brasileiras nas últimas semanas, o que tem impulsionado o uso de
ar-condicionado.
A ocorrência desse fenômeno gera o aumento da temperatura
dos oceanos, intensificando o processo de evaporação. Com isso, nuvens mais
profundas são formadas e, uma vez "furado" o bloqueio atmosférico,
chuvas mais intensas ocorrem. No fim de semana passado, uma frente fria
conseguiu superar a massa de ar quente e seca, ocasionando chuvas no Sul e no
Sudeste. Em alguns municípios no interior de São Paulo, as chuvas foram tão
fortes que pontos de alagamentos foram registrados, obrigando famílias a
deixarem as suas casas.
Contudo, o especialista afirmou que a massa de ar quente e
seca voltará a ganhar força nas duas próximas semanas, elevando novamente as
temperaturas. "A expectativa é que, em março, o bloqueio atmosférico se
dissipe. Mas aí só estará restando um mês de chuvas", afirmou. A falta de
chuvas, aliada ao consumo elevado de energia, contribuiu para reduzir significativamente
o nível dos reservatórios das hidrelétricas. Os reservatórios do subsistema
Sudeste/Centro-Oeste, o maior e mais importante do País, operam com 35,5% da
capacidade, menor nível desde 2001.
Mudanças
Os extremos climáticos
serão mais frequentes.
Quando chove, chove
com mais intensidade.
O período seco será
mais prolongado e intenso.
Essas questões
precisam ser incorporadas na operação das hidrelétricas brasileiras.
(Gilvan Sampaio – Pesquisador do INPE) (OESP)
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