A armadilha do PET 2 – Garrafas PET não são aprovadas para serem
reutilizadas para bebidas
O Carnaval acabou – o
lixo e o problema da reciclagem de milhares de toneladas de plástico
provenientes das fantasias, embalagens, sacos, copos e garrafas plásticas
ficam. O meu artigo “AA armadilha do PET”, originalmente publicado no portal
EcoDebate e no Diário Liberdade algumas semanas antes do Carnaval, foi um
grande sucesso. Ele atraiu milhares de leitores e fans e foi copiado em dezenas
de sites do World Wide Web. Mas a temática Garrafa de PET não acaba com ele.
“Ar condicionado em
minutos: faça o seu com garrafa PET”, “Luminária feita com garrafa PET“,
“Tomateiro em garrafa PET“, “Coruja de garrafa PET”, “Palco de garrafas PET”,
“Como fazer uma horta com garrafa PET”, “Prancha feita de garrafa PET”,…
Milhares de websites e jornais com a bandeira “verde” ensinam milhares de
possibilidades de reutilizar garrafas de PET. Mas o pior uso de uma garrafa de
PET é reutilizá-la como garrafa para água ou outras bebidas. E o pior do pior é
usá-la para bebidas alcoólicas, como a nossa tradicional cachaça. Garrafas de
PET são em geral produzidas para serem utilizadas uma única vez, são garrafas
descartáveis. Por isto o material só é aprovado para ser usado, no máximo, uma
vez para bebida de consumo humano. Já o primeiro uso mostra um risco de
contaminação com elementos químicos da produção de PET, um risco que as
autoridades de vigilância sanitária e da saúde do país ainda acham mínimo ou
desprezível.
Mas cada reutilização
da garrafa com uma nova bebida aumenta o risco. Substâncias tóxicas como o
plastificante no PET podem entrar no líquido e em seguida podem causar doenças,
como o câncer. Especialmente quando o líquido está com um grau de álcool
acelerado, como na cachaça, com uma média de 40 graus de álcool, o risco é
ainda mais alto. Porque o álcool superior à 20% é mais agressivo e pode
absorver os pequenos elementos tóxicos do plástico, como a substância orgânica
Bisfenol-A (BPA), entre outras.
Para pessoas que
gostam de uma boa cachaça de alambique de Minas Gerais, São Paulo, Rio de
Janeiro, Espírito Santo ou do Nordeste, reutilizar garrafas de PET é uma
maldição. Muitos pequenos produtores deixaram de colocar a pinga num garrafão
de vidro em troca da mais barata e mais leve garrafa de plástico. Mas além de
criar um risco à saúde do consumidor – beba com moderação! – o PET não é um
material inerte como o vidro. PET comum tem um risco alto de alterar o sabor da
bebida e na verdade estraga a cachaça.
Espero que este
artigo chegue às mãos dos produtores de cachaça, para salvar este patrimônio
brasileiro e seus consumidores. (ecodebate)
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