Produção, utilização, descarte e reciclagem do PET no Brasil
O politereftalato de etileno ou PET é o resultado da reação
entre o ácido tereftálico (ácido 1,4-benzoldicarboxílico, C6H4(COOH)2,
para-dicarboxil-benzeno) e o etileno glicol (etano 1, 2-diol, HOCH2CH2OH) que
formam um polímero termoplástico, ou seja, que pode ser reprocessado diversas
vezes através do mesmo ou outros processos. Foi desenvolvido em 1941 pelos
ingleses Whinfield e Dickson e seu principal uso é em embalagens e fibras para
tecelagem. A popularização dos produtos embalados em PET, principalmente
bebidas, aconteceu a partir dos anos 70 do Século XX e as primeiras ações de
reciclagem aconteceram no EUA e Canadá na década seguinte.
No Brasil, o uso do PET iniciou em 1988 em substituição às
garrafas, litros, garrafões e outras embalagens de vidro que eram utilizadas
pelas indústrias de bebidas e alimentos. As vantagens imediatas para estas
indústrias foram a substituição das embalagens retornáveis e que necessitavam
de sistemas de logística reversa por outras descartáveis, sem retorno, mais
baratas, versáteis e sem necessidade de manutenção e reposição das perdas. Para
os consumidores, a praticidade do descarte imediato após o consumo, sem
necessidade de guardar e devolver na próxima compra.
A produção brasileira de PET em 2012 foi de 562 mil
toneladas, sendo 59% – 331 mil toneladas recicladas. Esta é uma média superior
aos EUA e semelhante aos países europeus, onde a reciclagem é mais
profissionalizada. O principal consumidor do PET reciclado no Brasil é a
indústria têxtil com 38,2%, as indústrias de resinas insaturadas e alquídicas
com 23,9% e embalagens com 18,3%. Na indústria têxtil, o PET é utilizado na
fabricação de roupas, travesseiros, mantas, edredons, bichos de pelúcia,
carpetes, tapetes e materiais esportivos. Das resinas são produzidas vassouras,
cordas de varal, caixas d’água, piscinas, torneiras, tubos e conexões, pias,
bancadas e fitas adesivas. A indústria automobilística também utiliza estas
resinas na fabricação de revestimentos, pára-choques, elementos aerodinâmicos,
bancos em transportes coletivos, carenagens, além da sinalização viária de
rodovias e ferrovias como placas, luminosos e indicadores de direção. Os
telefones celulares e outros produtos eletrônicos também possuem PET reciclado
em suas estruturas.
Em relação às embalagens, é esperado para os próximos anos
um aumento significativo na utilização do PET reciclado nas embalagens de
alimentos, bebidas e produtos de limpeza. Este segmento ainda está em expansão
porque a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária autorizou a sua
utilização em marco/2008 como consequência de novas tecnologias – Super Clean e
Bottle to Bottle – capazes de descontaminar o PET pós consumo reciclado –
PET-PCR, independente de seu uso anterior e dos sistemas de coleta utilizados.
As indústrias e seus produtos embalados neste material também devem cumprir
vários requisitos como estarem registrados e autorizados pela Anvisa, comprovar
o controle dos processos e da qualidade, permitir a rastreabilidade e incluir a
expressão PET-PCR nas embalagens. Esta autorização da Anvisa está de acordo com
a regulamentação técnica do Mercosul sobre o PET-PCR.
É fundamental diferenciar a reciclagem do PET e a
transformação em matéria prima para as diversas indústrias, da reutilização
para outros fins como a confecção de brinquedos, vasos para plantas, móveis,
bijuterias, decorações e outros produtos confeccionados com sobras ou partes de
embalagens. O procedimento adequado para os resíduos de PET é a sua destinação
para a reciclagem, somente desta forma é possível diminuir a pressão sobre os
recursos naturais, no caso o petróleo do qual o PET é originário e evitar seu
acúmulo em locais inadequados. Além disso, esta substância tem um ciclo de vida
de mais de 100 anos e por este motivo os produtos artesanais não são
aconselháveis como forma de reutilização, voltando rapidamente ao meio
ambiente, muitas vezes fragmentados e/ou misturados com outras substâncias,
dificultando uma destinação adequada. (ecodebate)
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