Comitê anticrise cobra previsão de uso do
fundo dos reservatórios até o fim do ano
O comitê anticrise que monitora o Sistema Cantareira pediu para a
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) apresentar um
plano detalhado com alternativas do volume de água a ser retirado da principal
fonte de abastecimento da Grande São Paulo até o fim do ano para diferentes
níveis de armazenamento. Ontem, o manancial estava com 14,9% da capacidade,
novo recorde negativo.
O objetivo do grupo
comandado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Água e
Energia Elétrica (DAEE), gestores do sistema, é planejar o uso do chamado
"volume morto" do Cantareira, cerca de 300 bilhões de litros que
ficam no fundo dos reservatórios, para evitar o colapso do manancial.
A Sabesp começou na segunda-feira, 17, as obras necessárias para
captar 200 bilhões de litros armazenados abaixo do nível das comportas nas
Represas Jaguari e Jacareí, em Bragança Paulista, e Atibainha, em Nazaré
Paulista. Segundo a companhia, a conclusão está prevista para maio e o
"volume morto" seria suficiente para abastecer a Região Metropolitana
de São Paulo por quatro meses, a partir do início da operação.
De acordo com o comitê anticrise, a medida seria necessária a partir de
julho. Conforme o Estado antecipou na segunda-feira, o grupo estima que o
chamado "volume útil" – armazenado acima das bombas – se esgote em
julho, mês da Copa do Mundo.
Em nota oficial, a Sabesp informou que segue a determinação dos órgãos
reguladores do Sistema Cantareira e vai apresentar o plano recomendado pela ANA
e pelo DAEE assim que ele for concluído.
Seca
Em relatório divulgado em 17/03/14, o comitê anticrise aponta que, mesmo
com a redução do volume de água retirado pela Sabesp em março, a quantidade de
água que entrou no sistema está bem abaixo da registrada em 1953, que até este ano
tinha enfrentado a pior seca da história e, por isso, serviu de parâmetro para
as simulações de vida útil do Cantareira.
No papel, o grupo manteve como previsão de esgotamento do "volume
útil" do Cantareira o mês de agosto, apresentado como o pior cenário no
relatório fechado há um mês. Mas fontes ligadas ao comitê reiteraram que, se
mantida a média de água que entrou no sistema este mês, e a retirada pela
Sabesp para a Grande São Paulo, e para as cidades da região de Campinas, o
nível dos reservatórios seca um mês antes.
As perspectivas ficaram mais pessimistas porque o déficit na conta entre
o volume que entra e sai do manancial é de 3,9 mil litros por segundo em
relação à simulação anterior. Para se ter uma ideia, o volume é superior à
vazão que hoje é liberada para abastecer os cerca de 5,5 milhões de moradores
da região de Campinas.
Desde janeiro deste ano, a quantidade de água que entrou nos
reservatórios do Sistema Cantareira corresponde a 15% da média histórica, mesmo
com a volta das chuvas neste mês. Em 1953, o pior índice foi o de janeiro: 39%.
Naquele ano, a vazão média de água que abastecia as represas oscilou entre 24,5
mil litros e 26,7 mil litros por segundo no primeiro trimestre. Em fevereiro
deste ano, a vazão foi de apenas 8,5 mil litros e neste mês estava em 14,1 mil
litros até 18/03/14.
Por outro lado, no mesmo período a quantidade de água liberada para
abastecer cerca de 14,3 milhões de pessoas das Regiões Metropolitanas de São
Paulo e Campinas foi de 29,7 mil litros por segundo, ou seja, déficit de 14,5
mil litros por segundo. O pior é que até agora nenhuma das medidas anunciadas
pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) foi suficiente para brecar a queda do
"volume útil" do Cantareira, que estava com 21,9% da capacidade no
início de fevereiro, quando começou o plano de bônus para quem reduzir o
consumo. (OESP)
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