Sabesp traça cenário mais pessimista, em que o sistema se esgota no dia
21 de junho, durante o Mundial; ‘volume morto’ pode abastecer SP por 4 meses
Cálculos feitos
pela própria Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp)
projetam um cenário ainda mais pessimista para o fim do "volume útil"
do Sistema Cantareira. A empresa estima que, no pior panorama, a água represada
acima do nível das comportas do manancial que abastece 47% da Grande São Paulo
e a região de Campinas se esgote em 21 de junho, 9 dias após o início da Copa
do Mundo.
Sistema atingiu 13,8% da capacidade
Há duas semanas, o
Estadão revelou que o comitê anticrise que monitora o Cantareira havia
antecipado de agosto para julho a previsão de esgotamento do "volume
útil", que corresponde a 981,5 bilhões de litros. Em 28/03/14 o nível
acumulado nos cinco reservatórios que compõem o sistema voltou a cair,
atingindo apenas 13,8% da capacidade, segundo a Sabesp. Esta é a primeira vez
na história que o índice fica abaixo dos 14%.
De acordo com a
Sabesp, "a previsão é feita tomando como base o cenário mais crítico das
vazões mínimas registradas nos afluentes do Sistema Cantareira na série
histórica de 1930 até hoje". A estiagem neste último verão foi bem mais
severa do que a de 1953, que era considerada a pior da história até então.
‘Volume morto’
O novo cenário
pressiona ainda mais a Sabesp a concluir a instalação dos equipamentos para
captar a água do chamado "volume morto" do Cantareira, cerca de 400
bilhões de litros que ficam no fundo dos reservatórios, abaixo do nível das
comportas. Trata-se de uma reserva estratégica nunca utilizada e, por isso, a
qualidade da água é questionada por alguns especialistas. Segundo a Sabesp, ela
é perfeitamente tratável.
A companhia
informou que estará apta a fazer a captação profunda entre maio e junho e, por
isso, descarta racionamento de água generalizado no Estado. As obras começaram
há duas semanas e estão orçadas em cerca de R$ 80 milhões. Ao todo, 17
conjuntos de bombas serão instalados nas represas Jaguari e Jacareí, em
Joanópolis, e Atibainha, em Nazaré Paulista, para bombear 2 mil litros por
segundo até 12 metros de altura, para atingir as comportas.
Segundo o
governador Geraldo Alckmin (PSDB), o sistema vai captar até 196 bilhões de
litros do "volume morto". Para a Sabesp, a quantidade é suficiente
para abastecer as Regiões Metropolitanas de São Paulo e Campinas por cerca de
quatro meses. Ou seja, até o fim de outubro, início da próxima temporada de
chuvas.
Crise
Em 28/03/14 as
represas Jaguari e Jacareí, consideradas o coração do Cantareira porque
armazenam 82% da água do manancial, estavam com apenas 6,6% da capacidade, a
mais baixa já registrada. Há um ano, o volume armazenado em todo o manancial
correspondia a 61,9% da capacidade.
Já o Sistema Alto
Tietê, que desde dezembro passou a abastecer parte dos imóveis da capital
paulista que recebiam água do Cantareira, também caiu e atingiu o nível mais
baixo nos últimos dez anos para o mês de março: 37,6% da capacidade.
Segundo a Sabesp,
atualmente 2 milhões de imóveis paulistanos recebem água revertida dos sistemas
Alto Tietê e da Guarapiranga, cujo nível está em 76,7%. (OESP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário