Não há consenso sobre racionamento, diz novo secretário de
Alckmin.
Volume de água armazenado no Sistema Cantareira caiu para 13,2%, o mais
baixo até agora.
O novo
secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo, Marco
Antonio Mroz, disse em 04/04/14 que não há consenso no
governo paulista sobre a necessidade de adotar o racionamento de água no
Estado. "Essa questão não está cristalizada no governo. Não há um consenso
sobre isso", afirmou Mroz, que é filiado ao PV e era o adjunto da pasta.
A adoção de medidas restritivas para o uso
da água do Sistema Cantareira foi defendida pelo presidente da Agência Nacional
de Águas (ANA), Vicente Andreu. Ontem, o volume de água armazenado no principal
manancial paulista, que abastece 47% da Grande São Paulo e a região de
Campinas, caiu para 13,2% da capacidade, o mais baixo até agora. Há um ano,
esse índice era de 62%.
Mroz, que assumiu a
secretaria em substituição a Edson Giriboni, candidato a deputado federal pelo
PV nas eleições de outubro, disse acreditar que a água disponível é suficiente
para levar o abastecimento até setembro. "Se chover um pouco, vamos chegar
até outubro, quando começa um novo ciclo hidrológico." Na avaliação dele,
a situação dos mananciais que abastecem a Grande São Paulo ainda está melhor do
que a do sistema de geração de energia de Furnas, no sul de Minas.
Segundo Mroz, as
medidas técnicas possíveis já foram tomadas pelo governo para o máximo
aproveitamento da água. "Estamos usando o Sistema Guarapiranga, que tem
bastante água, e preparando para usar o volume morto (água
que fica abaixo do nível dos túneis de captação) quando for
necessário."
O secretário disse
também que o foco do governo é aumentar a disponibilidade de água para
abastecer a Região Metropolitana. "Queremos discutir o compartilhamento de
água que está disponível", disse, citando o plano do governo de captar
água na Bacia do Rio Paraíba do Sul para abastecer a Grande São Paulo e que
enfrenta resistência do governo do Rio.
"Já estamos
fazendo isso no Vale do Ribeira, com o Sistema São Lourenço", disse ele,
sobre a Parceria Público-Privada (PPP) que vai captar 4,7 mil litros por
segundo a 83 quilômetros da Região Metropolitana, no Rio Juquiá, para a estação
de tratamento em Cotia. As obras começam neste mês, e a previsão é iniciar a
operação em 2018.
Situação crítica
Relatório diário do
comitê anticrise que monitora o Cantareira mostra uma situação ainda mais
crítica nas duas principais represas do sistema. Considerados o coração do
manancial, os reservatórios Jaguari e Jacareí, na região de Bragança Paulista,
estão com apenas 5,8% da capacidade, o mais baixo já registrado. Juntos, eles
representam 82% da reserva de água do Cantareira.
Após o verão mais
seco desde 1930, quando a medição começou a ser feita, as chuvas no Cantareira
voltaram a ficar perto da média histórica em março. No entanto, o volume previsto
para o período seco, que começa na segunda quinzena deste mês, é insuficiente
para recuperar os níveis dos reservatórios.
Segundo o comitê
anticrise, foi a vazão afluente de 5,4 mil litros por segundo registrada no mês
passado na barragem Paiva Castro, entre Franco da Rocha e Mairiporã, que
"contribuiu significativamente" para a redução do volume de água
retirado das represas Jaguari e Jacareí, que poderia estar ainda mais seco. O
problema é que a Paiva Castro representa apenas 0,7% de toda a capacidade do
Sistema Cantareira. (OESP)
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