Apontada como uma das soluções para a crise hídrica da Grande São Paulo,
represa tem cerca de 3 km da vegetação.
Apontada em
10/04/14 por Dilma Pena, presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado
de São Paulo (Sabesp), como uma das possíveis fontes de água para a Região
Metropolitana de São Paulo, a Represa do Guarapiranga, na zona sul da capital,
tem atualmente uma aglomeração de cerca de 3 quilômetros de algas.
Para especialistas, a vegetação pode
dificultar a produção de água potável por demandar mais tempo de tratamento, o
que comprometeria o abastecimento das áreas antes atendidas pelo Cantareira.
A Sabesp informou
que, independentemente de custos e técnicas, garante a qualidade da água do
reservatório.
Água da represa da Guarapiranga será usada como
alternativa à seca iminente que ameaça São Paulo.
O problema é que a represa apresenta camada de 3
km de algas que surgem por causa da poluição presente na água.
"Ecobarreiras" que
deveriam conter as algas não funcionam e a paisagem fica tomada pela vegetação.
Ao mato, soma-se grande quantidade de lixo que
se juntam às algas.
Para especialistas, a vegetação
pode dificultar a produção de água potável por demandar mais tempo de
tratamento.
Esse maior tempo pode comprometer
o abastecimento das áreas antes atendidas pelo Sistema Cantareira.
Com a intensificação da crise
hídrica, cerca de 400 mil domicílios que eram atendidos pelo Cantareira
passaram a receber água do Guarapiranga.
As
algas na represa, fenômeno antigo, datado de meados dos anos 1990, crescem por
causa do sol e dos coliformes despejados na água. Mas nunca houve tantas algas,
segundo Alberto Santos, gerente do Yatch Club Santo Amaro, que fica às margens
da Guarapiranga. "Vemos frequentemente lixo preso às plantas, que chegam
com o esgoto", contou Santos.
A
proposta da Sabesp é aumentar a transferência de parte da água dos Sistemas
Guarapiranga e Alto Tietê para o Cantareira, principal fornecedor da Grande São
Paulo, que está com os piores níveis da história.
A
Guarapiranga já abastece 19,5% dos domicílios da região. Com a intensificação
da crise hídrica no início deste ano, cerca de 400 mil domicílios que antes
eram atendidos pelo Cantareira passaram a receber água do Guarapiranga, segundo
informações da Sabesp.
Toxinas
A
vegetação pode trazer problemas à saúde. "As algas presentes na Represa do
Guarapiranga, mais especificamente as cianobactérias, segundo registros em
literatura, são potencialmente produtoras de toxinas que afetam a biota
aquática (conjuntos de seres) e
também podem acarretar problemas de saúde na população humana. Essas toxinas
ficam dissolvidas na água", disse a pós-doutora em Biologia Maria do Carmo
Bittencourt-Oliveira, professora da Universidade de São Paulo (USP).
Ela
afirmou, no entanto, que o tratamento correto da água pode mantê-la potável.
"Se há um tratamento adequado da água bruta, as toxinas podem ser retidas
em filtros de carvão ativado. Dessa forma, a água poderá ser servida à
população se adequadamente tratada." O processo exige gastos maiores.
"Quanto mais toxina na água, mais eficiente deverá ser o tratamento e mais
recursos serão gastos", disse Maria do Carmo.
O
ambientalista Carlos Bocuhy, membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama), faz outra ressalva. "O tratamento que tem sido feito ali é com
controle químico das algas, algo que não é regulamentado pelo Conama. É um voo
cego", disse, referindo-se à falta de parâmetros sobre o uso dos
agrotóxicos lançados na água.
Bocuhy
afirmou que o processo de tratamento da água nesse caso exige mais tempo, o que
diminui a capacidade de produção. "A Sabesp foi transformada em uma
empresa para dar lucro e os investimentos no tratamento do esgoto não foram
feitos. Assim, a qualidade da água caiu, e as algas aumentaram."
Qualidade
Em
nota, a Sabesp informou que "a qualidade da água distribuída respeita
todos os padrões da Portaria 2.914/11, do Ministério da Saúde. O controle de
qualidade da Sabesp é um dos melhores do mundo". A assessoria de imprensa
da empresa afirmou que, quaisquer que fossem os custos e a técnica necessária,
a água com as algas seria tratada para evitar riscos à população. (OESP)
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