Antes restrito aos
bairros atendidos pelo Sistema Cantareira, que sofre a pior crise de estiagem
da história, o problema de falta d'água chegou a imóveis que são abastecidos
pela Represa do Guarapiranga, na zona sul da capital paulista. É o caso da
residência da assistente administrativa Selma Ferreira, de 46 anos, que mora na
Vila Inglesa, no distrito de Cidade Ademar.
"Começou a
faltar água na madrugada de domingo para segunda-feira e até hoje (ontem à
tarde) não chegou. São mais de 36 horas. Estou com minha casa em obras e fui
pega de surpresa. Se ao menos avisassem que ia faltar água a gente tinha se
programado", disse Selma.
Ela foi buscar
cerca de 150 litros de água na casa da irmã, em outro bairro da zona sul, para
não paralisar a reforma. "A gente imaginava que pudesse falta água, mas
não tão rápido. Aqui é Guarapiranga, nem é Cantareira", afirmou Selma,
cujo drama é dividido com outros moradores da região.
Desde o início do
ano, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) remaneja
água do Guarapiranga para cerca de 400 mil imóveis que eram abastecidos pelo
Cantareira. A medida tem como objetivo poupar ao máximo o principal manancial
paulista, que ontem estava com 12,7% da capacidade, nível mais baixo da
história. O Guarapiranga, por sua vez, tinha 77,6% de volume armazenado.
Na região central
da capital, moradores e comerciantes da Praça Roosevelt também relataram falta
d'água no período da noite em seus imóveis. A queixa é semelhante a de
moradores da zona norte no início da crise hídrica do Cantareira. Segundo a
Sabesp, a interrupção de fornecimento de água pode estar ligada às
características das regiões, como crescimento desordenado ou bairros altos, e
com obras de manutenção na rede de distribuição.
A companhia afirma
que não há racionamento de água em nenhuma das cidades da Grande São Paulo
abastecidas diretamente pela empresa. Segundo a Sabesp, existem cerca de 56 mil
quilômetros de redes de água na Região Metropolitana e a cada oito meses a
empresa percorre essa distância na caça a vazamentos. Ao todo, a empresa diz
investir R$ 2,1 bilhões em abastecimento de água na Grande São Paulo entre 2014
e 2016.
Segundo projeção
feita pela própria Sabesp, o volume útil do Cantareira, que é a água represa
acima do nível dos túneis, deve se esgotar entre junho e julho, em plena Copa
do Mundo. A partir de então, a empresa passará a usar o chamado "volume
morto" do manancial, cerca de 200 bilhões de litros que ficam no fundo dos
reservatórios. Pela previsão da companhia, o volume é suficiente para abastecer
a Grande São Paulo por quatro meses. (OESP)
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