Projeção de chuvas
para abril caiu de 83% para 70% da média histórica; já a estimativa para os
reservatórios do Sudeste caiu de 40,7% para 36,5%.
O Operador
Nacional do Sistema Elétrico (NOS) reviu a previsão de chuva para o mês de
abril, de 83% para 70% para as regiões Sudeste e Centro-Oeste. Com isso, o
nível dos reservatórios caiu de 40,7% para 36,5%, exatamente o volume de
armazenamento verificado em 03/04/14. Na prática, isso significa que toda água
que cair nas represas neste mês será consumida. Não haverá um ponto porcentual
de acréscimo nas usinas ao final de abril.
A revisão é um sinal de alerta, já
que no começo de março o ONS esperava fechar o período chuvoso com 43% de
armazenamento. Na ocasião, o próprio diretor-geral do operador, Hermes Chipp,
afirmava que esse era o patamar indicado para garantir o suprimento de energia
sem sobressaltos até o início das chuvas, entre outubro e novembro.
Apesar das previsões dos
meteorologias, de baixo volume de chuvas para este mês, o governo federal ainda
jogava suas fichas numa mudança de cenário para evitar um racionamento. Mas,
pelas contas da consultoria PSR, com base nos dados de março, a probabilidade
de o País ter de adotar um programa de redução de consumo (acima de 4% da
demanda) já está em 46%. Com a nova revisão do ONS, é possível que esse
porcentual suba um pouco mais.
No relatório divulgado em 04/04/14
pelo operador, ele explica a frustração das previsões da semana passada e das
próximas. Houve chuva fraca a moderada nas principais bacias que alimentam os
reservatórios das hidrelétricas. "Para a semana de 5 a 11 de abril, a
previsão é de que a passagem de uma frente fria ocasione chuva fraca e moderada
nas bacias hidrográficas da região Sul e chuva fraca nas bacias das regiões
Sudeste e Centro-Oeste", informou o ONS, na revisão do Programa Mensal de
Operação.
Diante desse quadro, o chamado
custo marginal de operação (CMO) do sistema, fortemente influenciado pela
hidrologia, teve aumento nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, passando de
R$ 937,64 o megawatt hora (MWh) para R$ 1.303,77 o MWh. Além de determinar a
entrada em operação das termoelétricas, esse preço é indicador de que seria
mais barato um corte de carga do que a geração de energia.
O preço no mercado à vista (PLD),
praticamente um espelho do CMO, permaneceu no valor máximo de R$ 822,23 o MWh
para a próxima semana, fator que continuará pressionando o caixa das
distribuidoras. As empresas estão sem contrato para atender 100% do mercado e,
por isso, estão expostas ao mercado à vista.
Para muitos especialistas, a
decisão do governo de esperar até o fim do mês para tomar alguma medida é um
erro. O cenário já tem mostrado que o nível dos reservatórios continuará baixo.
Nivalde Castro, da UFRJ, defende uma campanha para redução voluntária do
consumo. "Não está chovendo e o consumo continua alto. A tendência é que o
risco de racionamento continue aumentando." Ele não acredita, no entanto,
que o governo de Dilma Rousseff vá adotar um programa à la Fernando Henrique Cardoso.
Até porque isso poderia prejudicar a campanha da presidente à reeleição. (OESP)
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