O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reduziu a
previsão de chuvas para abastecer represas de hidrelétricas do Sudeste e
Centro-Oeste em abril, e considera agora que não haverá elevação dos
reservatórios dessa região até o fim do período úmido. A previsão eleva a
necessidade de reduzir o consumo de energia do país, afirmam analistas.
A estimativa do nível das represas nessa região, a principal
para abastecimento de energia elétrica do país, ao fim do mês é de 36,5%,
praticamente idêntica ao patamar atual, que é de 36,47%.
Em 2001, o ano do racionamento de energia, o nível dos
reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste terminou abril a 32,18%. Naquele ano, o
racionamento foi iniciado em junho. A diferença em relação ao cenário atual é
que agora há maior capacidade de geração e transmissão de energia no país,
incluindo eletricidade de termelétricas. Porém, também houve elevação no
consumo de energia de lá para cá.
A previsão de chuvas para abastecer reservatórios do
Sudeste/Centro-Oeste em abril foi reduzida de 83%, na semana passada, para 70%
da média histórica para a região, segundo a revisão do Programa Mensal de
Operação (PMO) para abril.
O ONS revisa semanalmente as previsões de acordo com os
níveis de chuva verificados e previsões de pluviosidade para as próximas
semanas, considerando também o consumo de carga de energia realizado e
previsto, entre outros fatores.
Analistas do setor têm elevado a cada semana o risco para
déficit de energia no país durante o período seco, que vai de maio ao final de
outubro, enquanto o nível dos reservatórios do Sudeste desde o final do ano
passado caiu 6,71 pontos percentuais, num período em que tradicionalmente
deveria encher. A tendência é que até o final do período tradicionalmente
marcado por chuvas fracas o nível das represas do Sudeste continuará a cair.
ECONOMIA DE ENERGIA
Para o coordenador do Grupo de Estudos do Setor de Energia
Elétrica (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Nivalde de Castro,
o governo federal já deveria tomar medidas para reduzir o consumo de energia
elétrica do país.
"Esses valores que estão se verificando no nível dos
reservatórios são relativamente preocupantes", disse Castro, ressaltando
que as previsões do ONS para o nível das represas são sempre revisadas para
baixo.
Para Castro, em um primeiro momento, o governo poderia
solicitar uma redução voluntária do consumo para a população, com benefícios,
como o governo de São Paulo vem fazendo com a água.
"Nós avaliamos que a população ficaria muito sensível
se isso viesse de um pronunciamento da Presidência da República, explicando a
situação crítica", disse.
Se for necessário Castro acredita que um segundo passo
seriam reduções seletivas da carga elétrica, levando em conta, por exemplo,
diferentes regiões ou segmentos de consumo.
O diretor da consultoria Enecel Energia, Raimundo Batista
Neto, considera que uma medida de contenção de consumo já deveria ter sido
tomada, conforme outros especialistas do setor elétrico já vem defendendo.
"A preocupação é muito grande porque estamos seguindo
para uma situação em que podemos caminhar para ter até cortes de carga",
acrescentou.
Em outras regiões do país, o nível dos reservatórios também
está baixo, com exceção do Norte, onde cheias históricas fizeram o rio Madeira
transbordar, deixando milhares de desabrigados.
O nível das represas do Sul está a 44,79%, com previsão de
que caia a 39,9% ao fim de abril. No Nordeste, o patamar está a 41,46%, com
expectativa que chegue a 43,5% no final do mês. A exceção é no Norte, a 86,39%
e estimativa de que alcance 91,3% de armazenamento de água.
Baixa probabilidade
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que
avalia as condições de segurança energética do país e fala pelo governo
federal, manteve nesta semana a avaliação de que é baixa a probabilidade de
dificuldades no fornecimento de energia elétrica no Brasil em 2014. Segundo o
CMSE, essas dificuldades só ocorrerão se o país tiver uma série de chuvas pior
do que as já registradas.
Em fevereiro, o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, disse
que os reservatórios teriam que estar em cerca de 43% ao final de abril para
garantir o abastecimento de energia adequado do país durante o período seco.
Segundo o ONS, as médias de chuvas do primeiro trimestre no
Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste foram as terceiras piores do histórico de 82
anos. "Além disso, o subsistema Nordeste apresentou as piores médias do histórico
para os meses de fevereiro e março de 2014", acrescentou o ONS no Sumário
Executivo do PMO em 04/04/14.
Preço de energia
PREÇO DE ENERGIA
Entre 5 e 11 de abril, deverá ocorrer chuva fraca a moderada
nas bacias hidrográficas da região Sul e chuva fraca nas bacias das regiões
Sudeste e Centro-Oeste, segundo o ONS.
A previsão é de que 16.048 MW médios de térmicas estejam em
funcionamento na próxima semana.
Já o preço de energia de curto prazo, dado pelo Preço de
Liquidação de Diferenças (PLD), se manteve no topo de 822,83 reais por
megawatt-hora (MWh) em praticamente todos os patamares de carga nas diversas
regiões do país.
Assim, os preços médios foram fixados em 822,83 reais por
MWh para os submercados Sudeste e Sul, 822,40 reais por MWh para o Nordeste e
755,37 reais por MWh para o Norte, informou a Câmara de Comercialização de
Energia Elétrica (CCEE). (brasil247)
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