Em meio à crise hídrica, Sabesp adia reajuste na conta e corta R$ 900
milhões.
Aumento, de 5,44%, foi definido na semana passada pela Agência
Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp) e poderia ser aplicado
a partir de 11 de maio; companhia diz que elevará as tarifas em ‘data oportuna’
até o fim do ano.
Em meio à crise
hídrica que tem provocado falta d’água na Grande São Paulo, a Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) decidiu adiar o reajuste de
5,44% nas tarifas e elevou para R$ 900 milhões o corte no orçamento deste ano.
O temor do governo do Estado, acionista majoritário da empresa, é de que o
aumento da conta de água, combinado com a possibilidade de adoção formal do
racionamento, provoque desgaste político.
O índice de
reajuste foi definido na semana passada pela Agência Reguladora de Saneamento e
Energia de São Paulo (Arsesp) e publicado em 18/04/14 no Diário Oficial do Estado. O
aumento pode ser aplicado a partir do dia 11 de maio, mas, em comunicado
divulgado aos acionistas em 17/04/14, a Sabesp afirmou que elevará as tarifas
de água "em data oportuna até, no máximo, o final de dezembro de
2014".
O adiamento do
reajuste foi liberado pela Arsesp por causa da grave crise de escassez hídrica
do Sistema Cantareira, que abastece 47% da Grande São Paulo, e do plano de
desconto de 30% na conta para estimular seus clientes a economizar ao menos 20%
o consumo de água.
"A Arsesp
concede assim à concessionária, que vivencia difíceis problemas conjunturais em
razão de força maior, a flexibilidade para que, em uma situação de grave
escassez hídrica, possa ajustar seus preços e práticas de mercado que visam a
preservar o abastecimento de água", informa a agência.
O reajuste de 5,44%
ficou ligeiramente acima do valor inicial proposto pela Arsesp, de 4,66%. O
índice pleiteado pela Sabesp era de 13%. Em 2013, o aumento acumulado foi de
5,57%. Nos próximos dois anos, os reajustes anuais acontecerão todo dia 11 de
abril. Em 2017, a agência e a companhia discutirão os termos da nova revisão
tarifária.
A companhia tem
hoje 7,7 milhões de ligações de água que atendem a 27,9 milhões de pessoas, em
364 municípios do Estado. Com o reajuste autorizado pela Arsesp, a tarifa
mínima para um imóvel residencial que consome entre zero e 10 m3 por
mês sobe de R$ 16,82 para R$ 17,74. Esse mesmo valor será cobrado pelo uso da
rede de esgoto. Assim, o total da conta será de R$ 35,48.
Para o consumo de
água entre 11 e 20 m3, a cobrança sobe de R$ 2,63 por m³ para R$
2,77 por m3. No comércio, a fatura do consumo mínimo de água vai
para R$ 35,62. Hoje, o valor é de R$ 33,78.
Corte
Após optar pela não
aplicação imediata do reajuste, a Sabesp anunciou um corte de R$ 900 milhões
nas despesas e nos investimentos previstos para este ano. O valor é 28,5% maior
do que o contingenciamento de R$ 700 milhões anunciado pelo diretor de Finanças
e de Relações com Investidores da empresa, Rui Affonso, em 31 de março, a
acionistas.
A estimativa de
analistas é de que os efeitos da crise reduzam em até 51% o lucro líquido da
companhia no ano, o que representaria uma perda de R$ 1 bilhão à
concessionária. Só com o plano de bônus, que foi ampliado em abril para 17
milhões de clientes de 31 cidades da Grande São Paulo, a Sabesp estima prejuízo
de R$ 800 milhões.
Multa
Em 18/04/14 o nível
do Cantareira se manteve estável, em 12,2% da capacidade. Para tentar adiar o
esgotamento do principal manancial paulista, estimado para 27 de novembro mesmo
com o uso do "volume morto" dos reservatórios, a Sabesp vai multar
quem aumentar o consumo de água. Ainda em estudo, o programa deve sobretaxar em
30% quem aumentar o consumo em 20%.
Procurada nesta
sexta, a companhia não informou como reduzirá as despesas nem quais
investimentos serão adiados. No início do mês, ela demitiu funcionários que já
estão aposentados. No relatório de sustentabilidade de 2013, a Sabesp informou
ter pago R$ 534,3 milhões em dividendos a acionistas, entre os quais, o próprio
governo. O valor corresponde a 27,8% do lucro líquido de R$ 1,92 bilhão em
2013. (OESP)
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