quinta-feira, 1 de maio de 2014

São Paulo ficará seis meses com o Cantareira seco

A partir de outubro, São Paulo ficará ao menos seis meses com o Sistema Cantareira seco, prevê engenheiro.
A falta de chuva diminuiu o volume de água do Sistema Cantareira, que abastece São Paulo.
Para conselheiro da FIESP, Júlio Cerqueira César Neto, não há outra solução, do ponto de vista técnico, que não seja o racionamento de água para enfrentar a crise do Sistema Cantareira.
São Paulo vai chegar à primeira semana de outubro com o Sistema Cantareira seco, sem volume morte, quantidade de água localizada em uma região mais profunda do reservatório, e com as chuvas do período ainda em sua fase inicial, incapazes de reabastecer o reservatório antes dos seis meses, diagnosticou em 22/04/14 o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto.
“Estamos em uma situação em que temos que nos conscientizar. Vamos ter seis meses, depois de outubro, sem o Sistema Cantareira. E como os outros sistemas também não estão na plenitude de sua capacidade, vamos ter uma restrição de abastecimento de mais de 50%”, afirmou Cerqueira César Neto. “Imagine uma região desse porte com uma economia de 50% do sistema por pelo menos por seis meses que é enquanto se enche o volume morto”, completou o engenheiro.
Ao participar da reunião do Conselho Superior de Meio Ambiente (Cosema) da Federação das Indústrias do Estado de Saulo (Fiesp), Cerqueira César Neto afirmou que a única solução para contornar a crise de abastecimento do principal reservatório de água da cidade é o racionamento.
“Sob o aspecto técnico, não há dúvida que a única solução em curto prazo é o racionamento. A engenharia não tem solução em curto prazo para esse problema”, explicou.
Neto avaliou que a crise de abastecimento pode se estender por até um ano e meio, já que, segundo o engenheiro, o Sistema Cantareira demora um ano para se recompor desde que sejam retirados dele menos de 15% da sua capacidade. “Vamos ter um ano e meio em que a cidade vai ter a possibilidade de menos da metade da água que necessita. Vai faltar água na casa, na indústria, no comércio. Todo o sistema da cidade será afetado com essa dificuldade e não temos de onde tirar essa água”.
O Sistema Cantareira fornece água para mais de 8 milhões de pessoas na Grande São Paulo e atingiu níveis menores do que 12% nas últimas semanas, recorde de baixa. Segundo Neto, essa crise “vai exigir de nós competência e criatividade que ainda não demonstramos”.
Segurança hídrica
Engenheiro e conselheiro da Fiesp, Neto afirmou que os projetos de abastecimento de água de qualquer cidade devem prever fatores cíclicos, inclusive variações extremas de clima que “são coisas absolutamente naturais e existem no Brasil e no mundo inteiro”.
“Os sistemas têm de ter segurança hídrica e o nosso sistema não tem isso. E a causa fundamental dessa seca é a absoluta falta de investimento do governo em novos sistemas de abastecimento nos últimos 30 anos”, criticou.
Segundo ele, a população de São Paulo aumentou em 10 milhões desde a década de 1990 enquanto os mananciais são os mesmos. “Não são suficientes para atender com segurança hídrica. A consequência só poderia ser essa”.
“A própria natureza fez o seu próprio alerta. Em 2003 ela produziu uma estiagem prolongada e nem esse alerta da natureza foi suficiente para mudar a condição”, afirmou Cerqueira César Neto.
Além de comentar a crise do Sistema Cantareira, o engenheiro apresentou, durante o encontro, seu livro “Um Estadista Urgente – São Paulo está precisando”, que ainda não foi lançado.
Na obra, ele analisa 12 itens da pauta pública na região metropolitana de São Paulo: abastecimento de agua, esgoto, poluição das águas, poluição do ar, enchentes, habitação, transporte, gestão metropolitana, gestão de recursos hídricos, comportamento da Sabesp, educação, saúde, e segurança pública.
“Nas minhas reflexões em torno dessa situação cheguei à conclusão que todos esses itens estão indo de forma negativa e não é pouco”, disse Neto. “Da minha parte eu cheguei a uma conclusão: de 1990 para cá, os nossos governos deixaram de governar e a nossa sociedade deixou de reclamar e exigir os seus direitos”, analisou.
A reunião do Cosema foi presidida pelo presidente do conselho, Walter Lazzarini. (ecodebate)

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