Muitos bares, restaurantes,
hotéis e residências ainda jogam o óleo utilizado na cozinha direto na rede de
esgoto, desconhecendo os prejuízos dessa ação. Independente do destino, esse
produto prejudica o solo, a água, o ar e a vida de muitos animais, inclusive o
homem.
Quando retido no encanamento, o
óleo causa entupimento das tubulações e faz com que seja necessária a aplicação
de diversos produtos químicos para a sua remoção. Se não existir um sistema de
tratamento de esgoto, o óleo acaba se espalhando na superfície dos rios e das
represas, contaminando a água e matando muitas espécies que vivem nesses
habitats.
Dados apontam que com um litro de óleo é
possível contaminar um milhão de litros de água. Se acabar no solo, o líquido
pode impermeabilizá-lo, o que contribui com enchentes e alagamentos. Além
disso, quando entra em processo de decomposição, o óleo libera o gás metano
que, além do mau cheiro, agrava o efeito estufa
Despejo correto de óleo
Para evitar que o óleo de cozinha
usado seja lançado na rede de esgoto, cidades, instituições e pessoas de
todo o mundo têm criado métodos para reciclar o produto. As possibilidades são
muitas: produção de resina para tintas, sabão, detergente, glicerina, ração
para animais e até biodiesel.
Esse tipo de combustível já está
sendo largamente desenvolvido em todo o mundo. Aqui no Brasil, o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em parceria com a Bayer premiou uma
pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) sobre produção de biocombustível a
partir do óleo de cozinha. A premiação ocorreu em 2007, durante o projeto
Jovens Embaixadores Ambientais.
O projeto Biodiesel em casa e nas
escolas também conta com a participação de universitários, escolas e empresas
que já ajudaram a coletar mais de cem toneladas de óleo de cozinha para ser
transformada em combustível 100% renovável.
Processo
Biodiesel - A transformação do
óleo de cozinha em energia renovável começa pela filtragem, que retira todo o
resíduo deixado pela fritura. Depois é removida toda a água misturada ao
produto. A depender do óleo, ele passará por uma purificação química que irá
retirar os últimos resíduos. Esse óleo "limpo" recebe então a adição
de álcool e de uma substância catalisadora. Colocado no reator e agitado a
temperaturas específicas, ele se transforma em biocombustível e após o refino
pode ser usado em motores capacitados para queimá-lo.
Sabão – Para fazer barras de
sabão a partir do óleo de cozinha, basta seguir a receita abaixo:
Materiais:
· 5 litros de óleo de cozinha usado
· 2 litros de água
· 200 mililitros de amaciante
· 1 quilo de soda cáustica em escama
Preparo:
1. Coloque cuidadosamente a soda em escamas no
fundo de um balde.
2. Depois, coloque a água fervendo.
3. Mexa até diluir todas as escamas da soda.
4. Adicione o óleo e mexa.
5. Adicione o amaciante e mexa novamente.
6. Jogue a mistura numa fôrma e espere secar.
7. Corte o sabão em barras.
Atenção: A soda cáustica pode
causar queimaduras na pele. O ideal é usar luvas e utensílios de madeira ou
plástico para preparar a mistura.
Outros tipos de soluções podem
servir para evitar que o óleo seja jogado nas redes de esgoto. Um produto
desenvolvido na Espanha promete solidificar o óleo e facilitar seu
armazenamento, coleta e reciclagem. Batizado de Frito Limpio, o produto deve
ser jogado no óleo ainda quente e após alguns minutos todo o liquido estará
sólido. Basta retirar da frigideira e guardar.
Caso essa solução esteja muito
longe de você, basta armazenar a sobra da fritura em uma garrafa PET e entregar
em um posto de coleta.
Confira onde doar seu óleo de
cozinha utilizado:
Em algumas capitais brasileiras
são as prefeituras que estão se mobilizando, em outras, é a própria população
através de organizações não-governamentais.
Ribeirão Preto: possui o projeto
Cata óleo numa parceria da USP e o Ladetel (Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias
Limpas). Os interessados recebem um recipiente para armazenar o óleo. O
caminhão do laboratório passa recolhendo o produto em datas pré-estabelecidas.
Todo o óleo recolhido na cidade
será usado na produção do biodiesel. Hoje são recolhidos cerca de 20 mil litros
de óleo por mês com os comerciantes, no entanto, o interesse é atingir a
população e aí receber cerca de 160 mil litros mensalmente.
Informações: interessados em participar do projeto podem entrar em contato com o Ladetel pelo telefone (16) 602.3734.
Informações: interessados em participar do projeto podem entrar em contato com o Ladetel pelo telefone (16) 602.3734.
Curitiba: a Prefeitura Municipal
de Curitiba lançou o serviço de coleta especial de óleo de fritura. O
recolhimento está sendo feito em 78 pontos do Câmbio Verde (programa de
recolhimento de lixo reciclável) e nos 21 terminais de ônibus da cidade. Quando
é feita a entrega nestes postos, dois litros de óleo dão direito a um quilo de
hortifrutigranjeiros, incentivando ainda mais a população.
Depois de recolhido, o óleo de
fritura é encaminhado para a reciclagem, onde é transformado em sabão,
detergente e matéria-prima para fabricação de outros produtos.
Para ser entregue, o óleo deve
ser armazenado em garrafas pets, de preferência transparentes.
Informações: os dias e horários
da coleta podem ser obtidos pelo telefone 156 ou na página da prefeitura na
internet - www.curitiba.pr.gov.br
ABC Paulista: o Instituto
Triângulo tem sido o exemplo na reciclagem de óleo de cozinha em São Paulo.
Equipes vão até o local solicitado para a coleta, desde que se tenha um mínimo
de seis litros para solicitar o recebimento. A entrega do óleo em São Paulo
também pode ser feita na rede de supermercados Pão de Açúcar ou na Ong Trevo e
Samorcc (Sociedade dos Amigos e Moradores do Bairro de Cerqueira César).
Florianópolis: a coleta é feita
pela Universidade Federal de Santa Catarina que, desde o ano passado,
desenvolve o projeto chamado Família Casca, em que recupera o óleo de cozinha e
o transforma em combustível. No entanto, o projeto coleta o produto apenas na região
próxima à universidade.
Outra maneira de dar um fim útil
ao óleo de bares e restaurantes na cidade é por meio da Associação Industrial e
Comercial de Florianópolis, a Acif, que dirige o programa ReÓleo.
Rio de Janeiro: o óleo que seria
jogado pode ser levado para os postos implantados pelo Programa de
Reaproveitamento de Óleos Vegetais, o Prove, firmado entre a iniciativa
privada, a Refinaria de Manguinhos e a Secretaria de Meio Ambiente do Rio.
Entre os postos de coleta está o Circo Voador. Outro meio de colaborar é ligar
para o Disque-Óleo: basta entrar em contato para a equipe desse programa
visitar sua casa.
Salvador: o engenheiro químico
Luciano Hocevar é o responsável pela Renove, Reciclagem de Óleos Vegetais, e
pela picape que passa pelas casas da cidade fazendo a coleta do óleo de
cozinha.
Porto Alegre: a Prefeitura de
Porto Alegre, através do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU),
realiza o Projeto de reciclagem de óleo de fritura. São 24 locais de coleta do
produto, que será transformado entre outras coisas em resina de tintas, sabão e
biodiesel. Foi assinado convênio entre o DMLU e três empresas, que recolherão
óleos de cozinha entregues pela população e os encaminharão para reciclagem.
O sucesso destes programas de
reciclagem de óleo de cozinha depende inteiramente da participação da
comunidade. Todos esses programas de coletas, sejam governamentais ou
não-governamentais, oferecem todas as informações necessárias para a reciclagem
do óleo e também esclarecimentos sobre proteção ambiental, justamente para
inserir a sociedade na responsabilidade ecológica. (sobiologia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário