Este é o maior nível desde 2008; total de floresta
perdida equivale a 150 parques do Ibirapuera.
Desmatamento da Mata Atlântica voltou
a subir no ano passado
Pelo segundo ano consecutivo, a taxa de desmatamento da Mata
Atlântica voltou a subir no ano passado, atingindo o maior nível desde 2008. No
período de 2012 a 2013, foram perdidos 23.948 ha (hectares), ou 239 km² de
remanescentes, nos 17 Estados da Mata Atlântica, um aumento de 9% em relação ao
período de 2011-2012, que registrou 21.977 hectares de supressão.
É o que mostra a nova edição do Atlas de Remanescentes
Florestais da Mata Atlântica, que será lançado em 27/05/14 pela Fundação SOS
Mata Atlântica e pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O total
de floresta perdida equivale a 150 Parques do Ibirapuera. Na comparação com o
período anterior, foram dois parques a mais desmatados de 2012 para 2013.
Não é pouco considerando que, se somados todos os trechos
com mais de 3 ha, restam de Mata Atlântica somente 12,5% dos 1,3 milhão de km2
originais. Se forem contados somente os grandes remanescentes, com mais de 100
ha, sobram 8,5% de Mata Atlântica. Tudo o que já foi perdido equivale à área de
12 cidades de São Paulo.
Desde o início dos anos 2000, porém, a taxa de devastação
vinha despencando ano a ano. Em parte porque em muitos Estados, como São Paulo
e Rio, restou pouco a ser retirado, em parte porque aumentou a fiscalização e
também por consequência da Lei da Mata Atlântica, de 2006, que aumentou a
proteção sobre o bioma.
Mas, nos últimos três anos, os índices começaram a subir. No
período de 2011 a 2012 já havia ocorrido um aumento de 29% em relação ao
período de 2010 e 2011,como conta Márcia Hirota, diretora executiva da SOS Mata
Atlântica.
- Depois da redução drástica, a gente até achou que não
teria mais aumento. Não é o que está acontecendo e estamos preocupados.
Lideres
A atenção se volta agora principalmente para Estados que
lideram perdas: Minas Gerais, Piauí, Bahia e Paraná. Juntos, eles respondem por
91,75% do que foi desmatado. Minas é o campeão pelo quinto ano consecutivo, com
8.437 hectares, apesar de ter apresentado uma redução de 22% entre 2012 e 2013,
na comparação com o período anterior.
De acordo com Márcia, essa redução se deve a uma moratória
que foi firmada no Estado logo depois que o Atlas do ano passado foi lançado e
que impediu a concessão de licenças e autorizações para supressão de vegetação
nativa do bioma.
- Mesmo assim, continuaram os cortes ilegais, principalmente
para a conversão em carvão para siderúrgicas.
Soja
Outro Estado que chamou a atenção é o Piauí, que teve um
aumento de 150% de desmatamento entre 2012 e 2013. O corte atingiu 6.633 ha,
contra 2.658 ha entre 2011 e 2012, como explica Márcia.
- Temos percebido uma pressão da soja que está chegando ao
sudoeste do Estado, onde é fronteira do Cerrado com Mata Atlântica. Em um só
local vimos uma supressão de mais de cinco mil hectares. Não temos visto cortes
desse tamanho. Foi uma surpresa.
A pesquisadora afirma que os dados serão enviados para o
Ministério Público e para o governo do Piauí.
— Vamos pedir uma moratória, da mesma forma que fizemos com
Minas. (r7)
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