Piora qualidade da água em SP e 18% da captação exige
tratamento especial
Segundo levantamento divulgado anualmente pelo Estado, houve uma redução
de 23% nos pontos de captação que apresentavam índice de qualidade da água
considerada ótima ou boa, chegando a 47% dos postos de monitoramento
A
quantidade de pontos de captação de água de qualidade ruim ou péssima para o
abastecimento público subiu 50% em rios e reservatórios paulistas no ano
passado. Relatório divulgado nesta quarta-feira, 7, pela Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) revela que em 18% dos 76 postos de
monitoramento no Estado a água apresentava índices elevados de substâncias
tóxicas, exigindo um tratamento especial antes do consumo humano. Em 2012, a
reprovação atingia 12% da rede.
Segundo o levantamento,
que é divulgado anualmente pelo órgão ligado à Secretaria Estadual do Meio
Ambiente, houve uma redução de 23% nos pontos de captação que apresentavam
índice de qualidade da água considerada ótima ou boa, chegando a 47% dos postos
de monitoramento. Outros 35% apresentaram índice regular. Ao todo, os rios e
reservatórios onde a água é coletada seis vezes por ano para avaliação em
laboratório fornecem água para 22 milhões de habitantes, mais da metade da
população paulista. Cerca de 80% dos municípios captam água subterrânea.
"Além dos
parâmetros sanitários, que avaliam a presença de coliformes e metais pesados,
por exemplo, esse índice tem outras variáveis, como as substâncias
organolépticas, que interferem na cor, no sabor e no odor da água. Quanto maior
a concentração dessas substâncias, pior o índice. Mas isso não quer dizer que a
população esteja consumindo água com mercúrio, por exemplo. Significa que essa
água precisa de um tratamento especial porque têm quantidade maior de
substâncias tóxicas", explica Nelson Menegon, gerente de divisão da
qualidade das águas e do solo da Cetesb.
Dos 76 pontos de
monitorados da companhia, três apresentaram qualidade péssima: reservatório
Cascata, em Marília, Rio Cotia, em Carapicuíba, e o Rio Piracicaba, na cidade que
leva o mesmo nome. No reservatório Paiva Castro, em Mairiporã, onde passa toda
a água retirada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp) do Sistema Cantareira, a qualidade é boa.
Os dados da Cetesb
mostram que, no geral, a índice vinha apresentando melhora desde 2010, mas
voltou a piorar no ano passado. Para o coordenador do Programa Água para a Vida
da ONG WWF-Brasil, Glauco Kimura de Freitas, a queda na qualidade da água
reflete um problema de gestão dos recursos hídricos. "Nós temos mais de
200 comitês de bacias hidrográficas criados no País que não se reúnem, que não
têm recursos financeiros nem cobrança. A política nacional de saneamento foi um
grande avanço, o problema é que ela não sai do papel. Falta vontade política",
afirma.
Sem consumo
Em relação ao
índice geral de qualidade das águas superficiais no Estado, não usadas para
abastecimento público, a Cetesb constatou em 2013 que 84% dos 260 pontos
monitorados mantiveram classificações como ótima, boa ou regular, índice semelhante
ao de anos anteriores. Segundo o relatório, 32 postos apresentaram uma
tendência de melhora, como o Rio Atibaia, na região de Campinas, e dois uma
tendência de piora, como o Braço do Rio Grande, na Represa Billings, onde o
índice ainda é considerado bom. "Isso pode ser reflexo dos investimentos
feitos no tratamento de esgoto, que subiu de 45% para 60% da rede", afirma
Menegon. (OESP)
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