Ciclones tropicais estão migrando em direção aos polos,
alertam cientistas
Tendência pode estar
associada a mudanças climáticas e coloca em risco regiões antes não afetadas.
Segundo pesquisadores americanos, ciclones têm se afastado mais de 50
quilômetros do Equador a cada década.
A zona de ocorrência
de ciclones tropicais está se afastando cada vez mais do Equador e avançando em
direção aos polos, afirmam pesquisadores americanos. De acordo com um estudo
publicado esta semana na revista científica Nature, os ciclones estão
ameaçando locais antes considerados seguros e onde há grande concentração
populacional, como as costas dos oceanos Pacífico e Índico.
“Descobrimos que os
trópicos estão se tornando menos favoráveis para os ciclones tropicais,
enquanto as latitudes mais altas estão ficando menos hostis a eles. Assim, o
risco pode ser maior em áreas do Japão e da Coreia do Sul e menor em regiões no
sul das Filipinas”, exemplificou Jim Kossin, pesquisador do Centro a
Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, na
sigla em inglês) e um dos autores do estudo.
Segundo os
pesquisadores, as causas dessa alteração não são claras, mas há indícios de que
a tendência possa estar associada a fatores que contribuíram para as mudanças
climáticas, como a queima de combustíveis fósseis.
O estudo indica que,
nos últimos 30 anos, os ciclones tropicais – também chamados de furacões ou
tufões – afastaram-se mais de 50 quilômetros do Equador a cada década. Os
cientistas verificaram que, no hemisfério Norte, os ciclones tropicais
migraram, em média, 53 quilômetros por década em direção ao Ártico e, no
hemisfério Sul, 62 quilômetros em direção à Antártica.
Tais conclusões foram
tiradas a partir de informações de satélites coletadas entre 1982 e 2012.
Entretanto, para Kossin, a migração em direção aos polos pode ter começado
antes da década de 1980.
Impacto no volume de
chuva
Segundo os
pesquisadores, esta foi a primeira vez em que foi possível estudar a ocorrência
de ciclones tropicais em longo prazo. Além disso, enquanto outros estudos
analisaram a intensidade e a frequência do fenômeno, este é o primeiro focado
na localização geográfica e nos períodos de pico.
Com a migração para
latitudes mais elevadas, os riscos de destruição causada por ventos fortes e
inundações decorrentes de ciclones tropicais seriam reduzidos em regiões
próximas ao Equador. Por outro lado, a alteração poderia ter um impacto no
volume de chuva dessa região – relacionado a esses fenômenos naturais – e levar
à escassez de água.
Segundo o pesquisador
do NOAA Gabriel Vecchi, não é possível afirmar com certeza se essa migração em
direção aos polos é causada pelo aumento de gases no efeito estufa na atmosfera
ou pelo buraco na camada de ozônio.
Mas esse deslocamento
dos ciclones ocorreu no mesmo ritmo da expansão de regiões tropicais, atribuída
em outros estudos às mudanças climáticas, causadas pelo homem, segundo Vecchi.
Além disso, Kossin e seus colegas afirmam que o aquecimento global alterou a
circulação de ar nos trópicos, que influencia a ocorrência de ciclones.
A tendência de
migração dos ciclones é maior no Pacífico Norte e Sul e na porção sul do oceano
Índico, segundo os pesquisadores. Não há evidência de alterações no norte do
Atlântico e do Índico ou de qualquer mudança na frequência global dos ciclones.
(ecodebate)
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