Tanques usados nas quatro
fases do processo de tratamento de água da Estação do Guaraú, em São Paulo:
coagulação, floculação, decantação e filtração.
Os tratamentos físico-químicos de água são divididos em uma série de
procedimentos, denominados de processos unitários, cujos principais podem ser
assim resumidos:
1. Peneiramento: tem por finalidade remover os materiais sólidos
suspensos nas águas residuárias, em geral os materiais com granulometrias
superiores a 0,25mm; existem peneiras estáticas onde os efluentes fluem na
parte superior, passando por uma tela onde os materiais grosseiros são
recolhidos e seguindo para as demais fases do tratamento; outro tipo são as
peneiras rotativas onde o efluente passa por um defletor, alcança a peneira,
atravessa por fendas, sendo recolhido na parte inferior, sendo os materiais
sólidos removidos por uma lâmina raspadora e enviados para um vaso coletor;
2. Resfriamento: destina-se a resfriar os efluentes para não prejudicar
os processos de floculação ou solubilização posteriores, pois efluentes como os
da indústria têxtil são muito quentes; outro motivo é a legislação federal que
determina limite máximo de 40ºC para lançamentos de efluentes em corpos de
água. Para o resfriamento de água são utilizados tanques de equalização para
pequenas bateladas e torres de resfriamento e pulverização de ar para
quantidades maiores;
3. Gradeamento: em geral se associam ao peneiramento, mas são
refinamentos na remoção de sólidos que visam impedir que materiais sólidos
produzam danos em sistemas de bombas, registros, válvulas de retenção,
tubulações e outros equipamentos; são empregadas grades simples, estes
dimensionamentos podem ser encontrados em Nunes, 1993 e em bibliografias clássicas
como Imhoff e Imhoff, 1986;
4. Desaneração: as caixas de retenção de areia tem como objetivo
principal reter as substâncias inertes, como areias e sólidos minerais
sedimentáveis, originários de águas residuárias, que provem da lavagem de
frutas, pisos ou esgotos sanitários. Por exemplo; é muito importante a remoção
destas partículas sólidas para a proteção de bombas, válvulas de retenção,
registros e canalizações, evitando entupimentos e abrasão;
5. Retenção de Gordura: as caixas retentoras de gordura são destinadas a
reterem os materiais que sofrem flotação natural e são muito utilizadas em
estações de tratamento de águas residuárias de frigoríficos, curtumes,
laticínios, matadouros, etc. Com frequência, em matadouros e curtumes a gordura
recuperada tem valor comercial. A caixa deve permitir manutenção do líquido em
condições de estabilidade para que as partículas a serem removidas percorram
desde o fundo até a superfície líquida, em geral em tempo de detenção de 3 a 5
minutos (Nunes, 1993);
6. Retenção de óleo: são utilizadas caixas de separação água/óleo, cuja
principal função é a remoção de óleo das águas residuárias provenientes de
postos de lavagem e lubrificação de veículos, oficinas mecânicas, etc. Utilizam
o mesmo princípio das caixas retentoras de gordura, pois o óleo tem densidade
menor que a água e tende a flotar, permanecendo na superfície líquida e sendo
removido;
7. Equalização: é a denominação de um processo que tem como principal
finalidade regular a vazão do efluente que está sendo tratado, pois nos
restantes processos o volume deve ser constante com o efluente homogeneizado e
tornando uniformes os valores de pH, temperatura, turbidez, sólidos, DBO e DQO,
cor, etc. Para obtenção da equalização deve ser mantido um volume mínimo de
tanque, denominado profundidade “morta”, não inferior a 30% do volume útil do
tanque. Desta forma estão protegidas bombas, fazendo com que não funcionem a
seco; o nível mínimo é controlado automaticamente com a instalação de boia
conectada com a bomba, que desliga quando o nível desejado for atingido;
8. Correção do pH: a correção de pH deve ser realizada para manutenção
da eficiência dos processos de tratamento; efluentes têxteis são alcalinos e
necessitam adição de acidificantes, como ácido sulfúrico e gás carbônico, para
evitar que águas com elevada dureza gerem incrustações e deposições em
canalizações causando danos às estações. Ao contrário, efluentes com pH ácido
devem sofrer adição de cal ou outro agente basificante para manutenção da
eficácia dos procedimentos;
9. Mistura Rápida: as adições de coagulante para mistura junto aos
efluentes objetivando o tratamento, provocam hidrolisação, que é a reação com
os álcalis, formando hidróxidos que são denominados “gel” produzindo íons
positivos na solução. Estes corpos poderão provocar desestabilização das cargas
negativas dos coloides, reduzindo os materiais ao ponto isoelétrico e
permitindo com a aglomeração das partículas, a formação dos flocos que poderão
ser separados através de decantação, flotação e filtração. Para que a
velocidade da mistura seja rápida são utilizados misturadores mecânicos ou
hidráulicos, que fazem a dispersão dos coagulantes na massa líquida com
energias específica suficiente para dispersão total (mistura lenta).
10. Floculação: é a fase mais importante do tratamento, com a remoção
dos poluentes, mas é necessário que todos os processos unitários sejam
eficientes para se obter bons resultados nesta fase. Após a coagulação no
tanque de mistura rápida, o efluente passará para a unidade de floculação ou
mistura lenta, com baixos gradientes de velocidade. Esse procedimento objetiva
possibilitar a formação de coágulos maiores, denominados flocos, que ocorrem
com a colisão das partículas, de forma que possam aumentar o peso
suficientemente para haver boa sedimentação e remoção por decantação;
11. Decantação: quando a quantidade e a densidade de flocos registrar
quantidade de sólidos sedimentáveis suficientes, as impurezas devem ser
recolhidas por decantação, sendo removidas dos efluentes líquidos. Os
decantadores são dimensionados em função das taxas de escoamento, conforme o
tipo e as características dos efluentes, geralmente tem formatos cônicos
redondos ou piramidais invertidos;
12. Flotação: é o processo de separação de materiais de peso específico
diferente, os mais levem flutuam; frequentemente são adicionadas substâncias
como sulfato de alumínio, cloreto férrico e polieletrólito, para aumentar a
floculação e melhorar a eficiência do tratamento;
13. Adensamento do Lodo: o material sólido resultante do tratamento
físico-químico da água denomina-se lodo; seria o mesmo que dissolver terra
argilosa num copo de água e após deixar a terra argilosa decantar com a água
parada, isto é o lodo. No caso do lodo resultante do fundo dos decantadores,
poderão ser encontradas concentrações de partículas sólidas, que se forem
expressivas, poderão necessitar de unidades de adensamento, que eliminam o
excesso de água, aumentando a concentração de sólidos. Atualmente o lodo das
ETEs e ETAs é destinado para valas de reservação e acondicionamento definitivo
de resíduos de classes I ou II;
Processos com tratamentos químicos específicos já foram desenvolvidos
para recuperação de Cromo em efluentes de curtumes, oxidação de sulfetos,
oxidação de cianetos, redução do cromo hexavalente, neutralização de efluentes
ácidos ou alcalinos e remoção de metais pesados. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário