Governo diz que 1ª reserva do Cantareira pode zerar em 57
dias
Cálculo de secretario de Alckmin aponta que a segunda cota
do volume morto do manancial deve ser captada a partir de 21 de novembro pela
Sabesp.
O secretário paulista de Saneamento e Recursos Hídricos,
Mauro Arce, previu nesta quinta-feira, 25, que a primeira cota do volume morto
do Sistema Cantareira deve durar até o dia 21 de novembro, ou seja, 56 dias, se
a quantidade de água que chega aos reservatórios continuar como estão, 30% da
média histórica. Restam hoje nas represas apenas 72,3 bilhões de litros da
reserva profunda do manancial, que começou a ser bombeada no dia 31 de maio,
para atender cerca de 6,5 milhões de pessoas só na Grande São Paulo.
“Continuando sem chover, o atual volume do Cantareira nos
garantiria (...) até o dia 21 de novembro, com o volume que eu tenho hoje”,
disse Arce, durante visita ao Parque Várzeas do Tietê, na zona leste de São
Paulo, ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo ele, assim que a
primeira reserva esgotar-se, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo (Sabesp) iniciará a retirada da segunda cota, de 106 bilhões de litros.
Em 25/09/14 o nível do Cantareira chegou a 7,4% da
capacidade, o mais baixo da história.
A concessionária está finalizando as obras na Represa
Jacareí, em Joanópolis, para poder retirar água das profundezas do
reservatório. O uso dessa segunda cota, contudo, ainda não foi liberado pelos
órgãos gestores do manancial, e é alvo de discórdia entre o presidente da
Agência Nacional das Águas (ANA), Vicente Andreu, e Arce. O dirigente do órgão
federal cobra um plano de contingência da Sabesp e a preservação de uma parte
da reserva para o fim deste ano. O governo Alckmin, contudo, conta com esse
volume para garantir o abastecimento da Grande São Paulo até março de 2015 sem
decretar racionamento oficial de água.
“Nós estamos preparados (para captar). Mas talvez nem
precise da chamada segunda reserva técnica”, disse Alckmin, que acredita que a
chegada da temporada de chuvas, que vai de outubro a março, amenize a crise do
Cantareira e ajude a recompor o nível das represas. Há três meses, o tucano
havia descartado o uso da segunda cota do volume morto.
Nas agendas públicas, Alckmin repetia aos jornalistas que
aprendera com seu pai que “chove em mês com ‘r’”, sugerindo que começaria a
chover a partir de setembro. Passados 25 dias deste mês, porém, choveu no
Cantareira apenas 40 milímetros, menos da metade da média histórica, de 91,9
milímetros, conforme dados divulgados pela Sabesp.
De acordo com diário da ANA e do Departamento de Águas e
Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), o volume de água que tem chegado às cinco
represas que formam o Cantareira corresponde a apenas 30,7% da média histórica
de setembro. Pelo nono mês seguido, a vazão afluente ao sistema bate recorde
negativo, ficando abaixo do pior índice para o período em 84 anos de
levantamento.
Enquanto tem chegado ao sistema 6,86 mil litros por segundo,
23 mil litros por segundo têm sido retirados das represas para abastecer 6,5
milhões de pessoas na Grande São Paulo e cerca de 5 milhões na região de
Campinas. Diante desse cenário, o Cantareira deve encerrar setembro com um
déficit de aproximadamente 40 bilhões de litros. Neste mês, a ANA divulgou um
acordo com o governo paulista para reduzir a retirada do Cantareira em 2,6 mil
litros por segundo até novembro, mas Arce negou. O impasse causou troca de
acusações entre os dirigentes e a saída da agência federal do comitê anticrise
do sistema.
Esgoto
Mauro Arce disse nesta quinta que o governo Alckmin está
isentando da cobrança da taxa de esgoto quem substituir o uso de água
superficial por captação em poços artesianos. Como o valor cobrado pelo esgoto
corresponde ao valor gasto com água, a Sabesp costuma calcular uma taxa de
esgoto para quem capta água subterrânea. Agora, eles ficarão isentos dessa
cobrança durante a crise de estiagem em São Paulo.
Nesta semana, o Estado revelou que a gestão Fernando Haddad
(PT) vai contratar uma empresa para perfurar poços semiartesianos na capital,
na região das 32 subprefeituras, para suprir uma possível falta de água em
escolas e hospitais. (OESP)
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