Como o desmatamento contribui para as mudanças climáticas?
Quando ocorrem mudanças no uso do solo, ou seja, uma floresta é derrubada e queimada, dando lugar ao estabelecimento de pastagem, agricultura ou outra forma de uso da terra, ocorre a liberação de uma grande quantidade de carbono na forma de CO2 para a atmosfera contribuindo, assim, para o aquecimento global. Estima-se que 1,6 bilhões de toneladas de carbono foram emitidas para a atmosfera por ano devido às mudanças no uso do solo durante a década de 1990.
Nos últimos 300 anos, cerca de 10 milhões de km2 de florestas deram lugar a outro tipo de uso da terra. Nas regiões tropicais, a retirada da cobertura florestal poderá causar alterações no balanço hídrico, tornando o clima mais seco e quente. A taxa de evapotranspiração da floresta é muito maior do que qualquer cultivo ou pastagem, e com a mudança no uso do solo, o fluxo de vapor de água para a atmosfera diminui sensivelmente, alterando o ciclo hidrológico. Na Amazônia, por exemplo, estudos preveem que a temperatura poderá subir de 5 a 8ºC até 2100 e a redução no volume de chuva pode chegar a 20%.
O desmatamento, a exploração madeireira e os incêndios
florestais associados aos eventos de El Niño cada vez mais frequentes e
intensos, poderão aumentar significantemente as emissões de carbono oriundas de
mudanças no uso do solo.
A figura ao lado mostra o ciclo vicioso de empobrecimento da
paisagem amazônica à medida que a floresta vai se tornando cada vez mais
inflamável. O ciclo se inicia com o desmatamento e/ou exploração madeireira que
diminuem a quantidade de água que a vegetação libera para a atmosfera
(evapotranspiração) e, consequentemente, reduz o volume das chuvas. Com menos
chuvas, há maior possibilidade de ocorrência de incêndios florestais que, por
sua vez, provocam a mortalidade de árvores. Além disso, a fumaça produzida
pelas queimadas (em campos agrícolas e pastagens) e pelos incêndios florestais
interfere nos mecanismos de formação das nuvens, dificultando a precipitação.
Todos estes fatores podem ser ainda potencializados pelo aquecimento global
que, por sua vez, pode tornar cada vez mais intensos e frequentes os fenômenos
de El Niño, ameaçando ainda mais a valiosa biodiversidade da floresta
amazônica. (ipam)
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