Volume de água que chegou ao manancial em outubro antecipa
esgotamento das duas cotas do volume morto das represas.
O mês de outubro marca o início do período chuvoso, foi o mais seco em 84 anos do Sistema
Cantareira, batendo o recorde de julho deste ano. Desde 1930, os rios que
alimentam os reservatórios não registravam uma vazão tão baixa, de 4 mil litros
por segundo, apenas 14,8% da média histórica mensal - que passou a ser
registrada naquela década.
Entraram nos reservatórios somente 10,7 bilhões de litros em
outubro, quando a média é de 72,5 bilhões. Em contrapartida, 60,5 bilhões de
litros deixaram as represas neste mês para abastecer 6,5 milhões de pessoas na
Grande São Paulo que ainda dependem do Cantareira e mais 5,5 milhões na região
de Campinas, no interior paulista. Isso significa que o déficit de água
alcançou 49,8 bilhões de litros, ou 5% da capacidade do sistema.
O agravamento da seca no Cantareira em outubro frustrou a
expectativa dos órgãos reguladores do manancial e da Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e antecipou o fim da primeira cota do
volume morto. No início, os 182,5 bilhões de litros da reserva profunda das
represas captados desde maio não seriam usados integralmente. Depois,
projetou-se que durariam até 21 de novembro, passando ao dia 15 do próximo mês
na última simulação. Agora, a previsão é de que se esgote em uma semana.
A Sabesp usará uma segunda reserva,
de 105 bilhões de litros, para manter o abastecimento na Grande São Paulo até
março de 2015 sem precisar decretar racionamento oficial. As regras de uso
ainda estão sendo discutidas pelos órgãos reguladores dos governos federal e
paulista, embora a Sabesp já esteja captando água do segundo volume da Represa
Atibainha, um dos reservatórios do Cantareira, na cidade de Nazaré Paulista.
Estimativa
Para o engenheiro e professor de
Hidrologia José Roberto Kachel, membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto
Tietê, o balanço de outubro põe em xeque as projeções usadas pela Sabesp em seu
plano de contingência. “É desejável que o planejamento de operação do
Cantareira use as previsões mais conservadoras. Mas o que temos visto é que as
vazões de outubro são 3,8 vezes menores do que as usadas no pior cenário do
estudo apresentado pela Sabesp”, disse.
No plano da empresa, o cenário mais
pessimista apontava que chegariam ao Cantareira 41,3 bilhões de litros, volume
igual ao da seca de 1953, a pior da história até então, mas 285% superior ao
que realmente chegou às represas. Para Kachel, se mantido o cenário atual, o
segundo volume morto acaba no início de março.
A Sabesp ainda acredita que a volta
das chuvas prevista para novembro pelos institutos, aliada às ações de
contingência, podem elevar o nível do Cantareira para cerca de 40% da
capacidade em abril. (OESP)
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