Governo também nega que tenha começado a retirar água da
segunda cota do volume morto do Sistema Cantareira
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) negou que o
abastecimento de água para a região metropolitana de São Paulo acabará em
novembro. Em 15/10, a presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo (Sabesp), Dilma Pena, disse que, se a seca continuar, a água da
primeira cota do volume morto do Sistema Cantareira acaba em novembro. Segundo
ele, houve “deturpação” da fala da dirigente na CPI da Sabesp, na Câmara
Municipal.
“Foi deturpada uma afirmação da presidente da Sabesp,
doutora Dilma, desinformando a população”, afirmou o governador, durante evento
no Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, na zona sul da capital paulista.
Ele disse ainda que, além da primeira reserva de volume
morto do Cantareira – que já está em uso e que tem 40 milhões de metros cúbicos
de água –, existe outra, com 108 milhões de metros cúbicos de água. É essa
parte do volume morto que garantirá água para a população caso a primeira
acabe, de acordo com o governador.
Alckmin negou também que a Sabesp já esteja retirando água
desse segundo volume morto, como apontou a Agência Nacional de Águas (ANA).
Segundo o governador, foi a ANA que autorizou o uso dessa reserva. Confrontado
com a informação de que a Sabesp já está retirando água do segundo volume
morto, o governador disse que “não é verdade”. “Se temos ainda 40 bilhões de
litros de água da primeira reserva técnica, por que entrar na segunda? Não tem
sentido.” O governo do Estado entrou na Justiça para garantir a utilização
desse volume (leia texto acima).
Sem data. Perguntado sobre até quando, então, vai durar o
abastecimento de água, Alckmin respondeu que “não tem data”. Sobre a fala de
Dilma Pena, o governador disse que “ela não mentiu”, mas que existe “uma
desinformação”. “Isso é mentir para a população. As manchetes não foram isso (o
fato de que o primeiro volume morto terminará em novembro). Infelizmente, há
uma coisa para desinformar a população.” O governador falou que a falta de água
enfrentada por muitas pessoas na Grande São Paulo nos últimos dias ocorreu por
problemas técnicos, no fim de semana, em Americanópolis, zona sul da capital, e
em Osasco, na Grande São Paulo. Alckmin não esclareceu, porém, os motivos dos
casos bem mais antigos de desabastecimento. Ele afirmou que os problemas são
“pontuais”, e negou o “racionamento informal”, com os cortes de pressão
noturnos feitos pela Sabesp.
Desabastecimento
Segundo levantamento feito pelo Estado, pelo menos um em
cada quatro distritos da capital já registra falta d’água. A reportagem
constatou desabastecimento em parte de 26 dos 96 distritos de São Paulo.
O número de bairros com reclamações passou de 30 e alguns
relataram desabastecimento pela primeira vez no ano. A Sabesp afirmou que o
abastecimento “está em processo de normalização”.
A empresa alegou que “as altas temperaturas e a baixa
umidade do ar, aliadas à redução na disponibilidade de água, provocaram uma
série de problemas de abastecimento”.
No Estado, a falta d’água já atinge, total ou parcialmente,
70 municípios. Desses, 39 já adotaram o racionamento, 3 estão em situação de
emergência e 1 em calamidade pública. (OESP)
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