ANA cobra planejamento da SABESP para garantir abastecimento
ate abril
Agência enviou ofício ao DAEE autorizando captação de 2º
volume morto.
Órgão diz que companhia não apresentou ajuste de projeção de
chuvas.
2ª cota do volume morto começa a ser usado até o fim de
semana
A Agência Nacional de Águas (ANA) confirmou em 13/11/14 ao
Departamento Estadual de Água e Energia (DAEE) que é a favor da captação da
segunda cota da reserva técnica (volume morto) do Sistema Cantareira, mas
cobrou planejamento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp) para garantir o abastecimento da população até abril de 2015.
A presidente da ANA, Vicente Andreu Guillo, afirmou ter
autorizado o uso da segunda reserva técnica por causa da "severa
estiagem" que reduziu os níveis dos reservatórios que abastecem a Grande
São Paulo. A previsão do DAEE é que o volume morto comece a ser usado em
15/11. O Cantareira abastece 6,5 milhões de pessoas, mas opera com 10,8% da
capacidade (com as reservas técnicas I e II).
Apesar da liberação do uso da
segunda cota do volume morto, a agência federal afirmou em ofício enviado ao
DAEE que a Sabesp não apresentou complementos solicitados no plano de
contingência e ajustes de vazões de retiradas das represas.
"O planejamento da operação do
Sistema Cantareira, apresentado pela Sabesp e utilizado na proposta encaminhada
pelo DAEE, não considerou o estabelecimento de um volume meta mínimo a ser
garantido em 30 de abril de 2015. Da mesma forma, não foi revisto o estudo de
demanda da Sabesp, que não utilizou valores conservadores e ajustados a vazões
afluentes que se verificaram em outubro e neste início de mês de
novembro", citou o documento.
Segundo a ANA, a projeção da Sabesp
de volume de chuva para outubro e novembro estão muito acima do que foi
registrado nos dois meses deste ano. O presidente da agência, Vicente
Andreu Guillo, disse que a construção de oito "grandes" obras
anunciadas pelo governador Geraldo Alckmin para o enfrentamento da crise do
abastecimento no estado não resolverão o problema.
"Essas obras entrarão em
funcionamento, na melhor das hipóteses, em alguma coisa em torno de um ano a
dois. Portanto, contar com essas obras para esta situação é absolutamente
impossível", afirmou o presidente da agência durante audiência pública
realizada em Brasília (DF) em 13/11.
Ele também defendeu que a única
solução "a curto prazo" para a crise hídrica no estado de São Paulo é
a chuva. Ele ironizou a situação e sugeriu ser preciso um "dilúvio"
para recuperar o nível de água nos reservatórios até janeiro de 2015.
Em nota, a Sabesp informou que
cumprirá as determinações dos órgãos reguladores quanto à utilização da segunda
cota da reserva técnica. O DAEE e a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos
foram procurados, mas até esta publicação não haviam se manifestado sobre o
assunto.
Antecipação do 2º volume morto
A chuva fraca que atingiu as
represas do Cantareira em 12/11 não impediu que o nível do sistema voltasse a
cair. A capacidade das represas está em 10,8%, considerando simbolicamente os
10,7 pontos percentuais que serão acrescidos com o uso da segunda reserva
técnica.
Vicente Guillo contestou números
apresentados pela Sabesp sobre o nível dos reservatórios do Cantareira. Em
10/11, a companhia informou que registrou nova queda no nível de água nos
reservatórios e que passou de 11,4%, para 11,3%.
Segundo o presidente da ANA, este
número inclui volume de água que não pode ser utilizada pelo estado e que não
deveria ser contabilizado nos números apresentados. "Hoje o Sistema
Cantareira está próximo de 20% negativo do seu volume. É isso que nós temos
hoje [...] Eu sou contrário a que a gente leve esse nível de tranquilidade para
as pessoas sem que ela seja absolutamente real", disse.
Chuva nas represas
A região que forma os reservatórios
do Sistema Cantareira teve chuvas moderadas e leves em 13/11, segundo
informações do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura de
São Paulo. Não há previsão de novas chuvas na área do Cantareira nos próximos
dias, segundo o CGE. (g1)
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