Por que 2014 pode ser o ano mais quente da
história desde o início das medições?
O órgão meteorológico da ONU advertiu em 04/12/14 que o ano de 2014
caminha para ser o mais quente da história desde o início das medições. Nos dez
primeiros meses do ano, a temperatura global média do ar foi 0,57ºC acima da
média de longo prazo.
Se essa tendência for registrada também nos
dois últimos meses do ano, 2014 superará 1998, 2005 e 2010 (por uma pequena
margem) como o ano mais quente.
O ano foi também de extremos: seca extrema e
falta d’água em partes do Brasil; fortes chuvas e inundações inesperadas em outras
partes do mundo.
Mas o que pode estar por trás de um ano tão
quente e quais as implicações disso?
Segundo a WMO (World Meteorological
Organization), o cenário se deve sobretudo às temperaturas recordes registradas
na superfície dos mares globais.
Em geral, anos excepcionalmente quentes
costumam ser associados à influência temporária do fenômeno climático conhecido
como El Niño – que ocorre quando temperaturas da superfície marítima acima da
média no leste tropical do Pacífico se somam em um ciclo que se retroalimenta
perpetuamente – a sistemas de pressão atmosférica. E isso pode afetar padrões
climáticos.
O curioso, porém, é que as altas temperaturas
de 2014 ocorreram mesmo na ausência de um El Niño no Oceano Pacífico. Durante o
ano, as temperaturas da superfície dos mares globais subiram a níveis
semelhantes ao que teriam com o fenômeno, sem que ele chegasse a se desenvolver
plenamente.
Além disso, existem as tendências relacionadas
à temperatura global: ainda que elas tenham se estabilizado parcialmente nos 15
anos anteriores a 2013 (depois de terem aumentado fortemente a partir dos anos
1970), muitos estudos veem uma relação entre essa “pausa” e a absorção de calor
pelos oceanos.
As altas temperaturas das superfícies
oceânicas no Pacífico e em outras partes das águas do mundo podem indicar que
essa “pausa” está chegando ao fim, mas não há provas concretas para garantir
isso. Os especialistas climáticos dizem ser necessário mais de um ano quente
para perceber essa eventual tendência.
Anos quentes
Mas outra tendência já observada é a de que
estamos entrando em uma era em que recordes de temperatura devem se tornar cada
vez mais comuns.
No entanto, isso não necessariamente significa
que cada ano será mais quente que o anterior – ainda que essas altas temperaturas
estejam inseridas em um contexto de aquecimento global, mudanças climáticas e
influência humana.
É possível que se passem alguns anos até que
tenhamos um novo recorde de temperatura; e o aquecimento global pode apressar
ou retardar esse efeito no curto prazo.
Sendo assim, o que faz um ano ser mais quente
que seu antecessor? A resposta depende de vários fatores.
Grandes erupções vulcânicas, por exemplo,
podem causar um declínio temporário nas temperaturas graças ao reflexo da luz
do Sol resultante de partículas atmosféricas. Isso aconteceu, por exemplo, após
a erupção do Monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991.
Flutuações no oceano também podem causar esses
altos e baixos temporários.
Só que, ao mesmo tempo, é em regiões
terrestres e no Ártico que as temperaturas médias mais aumentaram.
Isso sugere que, apesar da “pausa” mencionada
anteriormente nos aumentos de temperatura nos últimos anos, o período se
mostrou excepcionalmente quente.
O relatório da WMO sobre o estado do clima
global é publicado anualmente para coincidir com as negociações
O secretário-geral da Organização
Meteorológica Internacional (WMO, na sigla em inglês), Michel Jarraud, disse
que os dados preliminares de 2014 são “consistentes com o que esperávamos de um
clima em mutação”. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário