Mais da metade das 54 nascentes de SP estão secas, revela
pesquisa
Desrespeito do homem pela natureza é a principal causa.
Pesquisa da UNESP foi feita no interior de São Paulo.
Uma
pesquisa feita por biólogos da UNESP revela uma situação alarmante, no interior
de São Paulo. Mais da metade das 54 nascentes de água que estão sendo
monitoradas secaram na última década. A falta de chuva agravou o problema, mas
a causa principal é o desrespeito do homem pela natureza.
Em
2003, os pesquisadores recolheram amostras de dezenas de córregos e nascentes
do interior de São Paulo. Agora, eles voltaram a esses locais e constataram que
a situação piorou muito. “Nesse período a gente conseguiu quantificar que 81%
desses riachos anteriormente mostrados, perderam qualidade aquática de maneira
geral e perderam volume de água”, fala a pesquisadora da UNESP Lilian Casatti.
Das
54 nascentes documentadas na pesquisa, 34 tem menos da metade de água que
tinham há dez anos e 29 estão secas. É o caso da nascente do rio São José dos
Dourados, um dos mais importantes da região noroeste de São Paulo. Até pouco
tempo atrás, a área era coberta de água e agora a nascente simplesmente
desapareceu e deu lugar a um caminho tomado de lixo.
Em
outra nascente, a do Rio Preto, um dos mais importantes do interior paulista,
quase não dá para ver água. Foto feita pelos pesquisadores há onze anos mostra
uma área bem diferente. Dava para ver o curso da água bem definido. Agora ele
quase não aparece. No lugar cresceu uma vegetação típica de terrenos
assoreados.
"O
que é o assoreamento, nada mais é que a entrada de terra dentro desses riachos.
Essa vegetação só cresce em locais úmidos e locais que tem um substrato - uma
terre para ela crescer porque ela é enraizada”, explica a pesquisadora da UNESP
Jaquelini Zeni.
O
que faltou na maior parte das nascentes que secaram são as chamadas matas
ciliares. Elas impedem que terra, areia e outros sedimentos acabem bloqueando a
saída da água nas nascentes.
Há
dez anos, uma das nascentes quase não tinha água. Nesse período, a área foi
toda reflorestada e hoje, apesar da seca recorde em São Paulo, a água está em
quantidade bem razoável. “A gente tem que começar a plantar realmente árvores
nesses riachos, do lado desses riachos pra gente poder daqui um tempo colher
água, porque senão, a gente vai enfrentar situações extremas, como a gente está
vendo”, completa Jaquelini. (g1)
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