Hospitais de SP encontram alternativas para economizar água
em tempo de seca
Crise hídrica leva hospitais
paulistas a buscar soluções alternativas
para economizar água.
A crise hídrica em São Paulo
tem feito muitos consumidores adotarem ou intensificarem medidas criativas e
sustentáveis para fugir do racionamento e contribuir para a diminuição do
consumo de água no estado. Hospitais da capital paulista, por exemplo, têm
recorrido a reformas da estrutura hidráulica, ao reaproveitamento da água
produzida em aparelhos a vapor e até mesmo à instalação de garrafas PET em
descargas para reduzir a vazão.
Enquanto os paulistas se
esforçam para economizar, o Sistema Cantareira, principal fonte de
abastecimento da região, não dá sinais de recuperação. Em 26/11 o volume armazenado caiu pelo 12º dia seguido e ficou
em 9,2%.
No Hospital Samaritano, foram
instaladas garrafas PET preenchidas com pedras no interior das bacias
sanitárias para diminuir a vazão. De acordo com a instituição, essa solução
caseira, iniciada em abril, resulta em uma economia de 1,5 litros de água a cada descarga. Além disso, o hospital trocou
tubulações antigas, chuveiros e vasos. No caso dos sanitários, optou-se pelo
sistema dual flush (caixa sanitária com dois botões que
permitem descargas com níveis diferentes de água) e a redução, de 9 para 6
litros, da caixa acoplada. Todas essas mudanças trouxeram, até outubro, uma
economia de quase R$ 700 mil, segundo dados do hospital.
A instalação de equipamentos
mais modernos também foi uma das alternativas encontradas pelo Hospital do
Coração (HCor) para economizar água. Foram instalados, por exemplo, redutores
de vazão (pequenos anéis que controlam a saída de água) em torneiras e
chuveiros. O gerente de Engenharia Hospitalar, Gleiner Ambrósio, destaca que
isso é feito respeitando as normas técnicas. “Se reduzo a quantidade de água
para lavagem de mãos ou banhos, o processo de limpeza pode se tornar precário.
As vazões são mantidas dentro de um limite mínimo definido pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas.”
Além de mudar equipamentos, o
HCor reaproveita a condensação gerada pelos equipamentos de vapor, como as
máquinas secadoras da lavanderia. Essa medida permitiu uma economia de água de
600 metros cúbicos por mês (m³/mês), ou 600 mil litros. De acordo com Ambrósio,
isso equivale a 600 caixas d’água. Outra solução que gerou queda de consumo foi
a instalação de um sistema eletrônico de irrigação do jardim. “O hospital está
economizando em torno de 3,5 mil m³/mês. Estamos deixando de captar da
concessionária por reaproveitar”, disse ele.
Temporizadores e redutores de
vazão também foram instalados no Hospital Alvorada. A medida, adotada em 2011,
reduziu em 30% o consumo de água. No contexto de crise hídrica, novas soluções
foram encontradas. Uma delas foi aumentar a temperatura dos aquecedores de
chuveiros para que a água esquente rapidamente, evitando o desperdício da água
fria durante o banho. Desde abril deste ano, a instituição passou a fazer
palestras sobre água, energia e reciclagem para conscientizar funcionários e o
público em geral sobre a importância de economizar. A campanha reduziu em 8% o
consumo de água.
No Hospital São Camilo, a
lavanderia, que já trata a água para reuso
desde 2007, ampliou o horário de funcionamento da estação de tratamento. “Até
agosto, era até as 15h. A partir de então, colocamos para trabalhar até as 19h.
Aumentamos em quase quatro horas”, informou a gerente do setor, Maria Aparecida
Mastroantonio. Segundo Maria Aparecida, o processo ocorre automaticamente com a
colocação de produtos químicos no afluente. Além disso, a água passa por
filtros e bactericidas, como o gás ozônio. “Tínhamos, até agosto,
reaproveitamento de 40% e o percentual aumentou para 60%. Em novembro, talvez a
gente consiga um pouco mais”, projetou.
Outra saída que está sendo
adotada por consumidores comuns e também condomínios residenciais e comerciais
é a instalação de cisternas para captação da água de chuva. O interesse por
esse produto na empresa EcoCasa, por exemplo, aumentou 375% entre janeiro e
outubro, de acordo com o coordenador de Marketing, Hiago Vilar. Ele disse que
as regiões metropolitanas de São Paulo e de Campinas são as áreas com maior procura
no estado. De acordo com Vilar, um reservatório residencial custa de R$ 6 mil a
R$ 13 mil, dependendo do projeto, que pode variar de 5 a 10 mil litros de
capacidade. “É possível reduzir até 50% do consumo de uma família”, estimou.
(ecodebate)
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