Com menos chuva, entrada de água no Cantareira é a terceira menor
da história.
Chuvas ficaram abaixo do esperado para novembro; a vazão
média do reservatório foi de 6.000 litros/segundo, 19,4% da média mensal.
Com chuvas abaixo do esperado em
novembro, o Sistema Cantareira registrou o terceiro mês com menor entrada de
água do ano e também nos 84 anos da história do manancial, de acordo com
relatórios publicados pela Agência Nacional de Águas (ANA). O sistema continua
com o nível de água caindo, em 30/11 no 16.º dia consecutivo de queda, chegou a
8,8% da capacidade, já incluídos os 105 bilhões de litros da segunda cota do
volume morto. O Cantareira abastece 6,5 milhões de pessoas na Região
Metropolitana de São Paulo.
Até 28/11 quando o relatório foi
atualizado, a média de água que entrou no reservatório foi de 6 mil litros por
segundo, apenas 19,4% da média histórica mensal. No mês, entraram cerca de 14,5
bilhões de litros de água no Cantareira. A média em novembro do ano passado
tinha sido de 50,2 bilhões de litros. Até então, o novembro mais seco tinha
sido registrado em 1954, quando a média de entrada de água foi de 12,4 mil
litros por segundo.
A média de precipitação também não
ajudou. Em novembro, de acordo com a Companhia de Saneamento Básico do Estado
de São Paulo (Sabesp), caiu um total de 135 milímetros de água na região até
este domingo, abaixo da média histórica de novembro, que é de 161,2 milímetros.
Ao longo do mês, o reservatório perdeu 3,4%.
Seca na Represa Jaguari-Jacareí.
Precipitação precisa ser mais constante nas cabeceiras das bacias, diz
especialista.
Se por um lado a entrada de água
foi baixa, por outro a saída foi muito maior. A Sabesp retirou um total de 48,4
bilhões de litros de água do reservatório durante o mês. Procurada, a companhia
não comentou se haverá mudança na vazão da água.
Precipitação constante
Segundo Rubem La Laina Porto,
engenheiro e professor de Hidrologia da Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo (USP), por estar muito seco, o solo do sistema apenas absorve o que
chove, sem aumentar o volume de água.
"Apesar de o mês estar
chuvoso, a precipitação precisa ser mais constante nas cabeceiras das bacias do
Sistema Cantareira, no sul de Minas Gerais", afirmou. "O solo está
muito seco, então, o chão absorve muita água. Faz diferença, porque o que chove
acaba não sendo proporcional ao que foi sugado pelo solo."
Em outubro, o Sistema Cantareira
teve o mês com a menor vazão de sua história. Desde 1930, os rios que alimentam
o reservatório não tinham ficado com uma vazão tão baixa. A média foi de 4.000
litros por segundo, cerca de 14,8% da média histórica mensal do reservatório.
Quem mora no entorno das represas
do Sistema Cantareira se diz triste e impressionado com o cenário de seca.
"Eu vejo a formação de nuvens no céu, elas ficam escuras, mas, quando é
para chover, a água não vem. Só cai sereno aqui", afirmou o corretor de
imóveis Francisco Ricardo de Souza, de 59 anos, que mora em Piracaia, no
interior do Estado, cidade onde está localizada a Represa Cachoeira. "Eu
trabalhei nas represas quando era mais jovem e nunca tinha visto uma situação
dessa. É triste ver tudo secando. Parece que a água realmente vai acabar."
Outros reservatórios
Os outros reservatórios que abastecem a capital e a Grande São Paulo também fecharam novembro com chuvas abaixo da média histórica. Neste domingo, quatro deles registraram queda no nível da água - o único estável foi o Guarapiranga, com 33,7%, embora tenha perdido 5,5% durante o mês. O volume acumulado de chuvas ali foi de 109,3 milímetros, quase 12% abaixo da média histórica, de 124 milímetros.
O Alto Tietê voltou a registrar queda de 0,1%. Em 30/11 o manancial operava com 5,7% da capacidade. Comparado com o início do mês, quando estava com 8,9%, são 3,2% a menos, tendo chovido cerca de 16% menos do que a média do mês.
Alto Cotia, Rio Grande e Rio Claro que, juntos, atendem 3,1 milhões de pessoas, também tiveram quedas. O primeiro estava com 30,1% e caiu para 29,9%. O segundo desceu de 64% para 63,8%, enquanto o último foi de 32,4% para 32,1%. (OESP)
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