Santa Branca, assim como aconteceu com Paraibuna, entrou na reserva técnica; medida deve ser tomada nos outros dois reservatórios.
O reservatório de Santa Branca, um dos quatro que abastecem
a região metropolitana do Rio de Janeiro, também atingiu o volume morto, aponta
o último boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrico. Na última
quarta-feira, o nível do maior dos quatro reservatórios, o de Paraibuna, já
havia alcançado a reserva técnica.
"Desde o ano passado eu venho
defendendo que já passou da hora de adotarmos um racionamento sério. Estamos
consumindo mais do que entra na bacia. A situação é crítica. Os reservatórios
que ainda não chegaram no limite estão chegando", disse a vice-presidente
do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Civap),
Vera Lúcia Teixeira. Integrantes do comitê terão reunião em 27/01/15 com
representantes da Agência Nacional de Águas (ANA) e do ONS.
Na última sexta-feira, o governador
Luiz Fernando Pezão (PMDB) voltou a negar a necessidade de racionamento para a
população, mas disse que começaria uma "grande campanha para as pessoas
não desperdiçarem água". Na bacia do Paraíba do Sul, os reservatórios
também têm a função de gerar energia, mas as usinas não são de grande porte. As
barragens mantêm um fluxo adequado para que cerca de dois terços das águas do
Paraíba possam ser transpostas para o Rio Guandu, que abastece a região
metropolitana do Rio.
A usina de Santa Branca, da
concessionária Light, foi desligada no sábado passado, de acordo com o ONS - o
volume morto não é usado para geração de energia elétrica. Procurada, a Light
não quis se manifestar. Informou apenas que "a Secretaria de Estado do
Ambiente é quem está falando sobre o assunto". Em nota, o secretário André
Corrêa alegou que "não há mudanças operacionais no sistema mesmo que os reservatórios
de Paraibuna e Santa Branca tenham atingido suas reservas técnicas", mas
acrescentou que "não descarta nenhuma medida que possa amenizar a crise
provocada pela estiagem". "Vivemos a maior crise hídrica dos últimos
84 anos. Continuo a pedir a colaboração de todos no uso racional da água."
Corrêa e o presidente da Companhia
de Águas e Esgotos do Estado (Cedae), Jorge Briard, vão se reunir com
representantes de indústrias que captam água no fim da bacia do Guandu para
"avaliar alternativas de consumo de água de reúso por parte das
empresas". O reservatório de Santa Branca, que fica em São Paulo, é o
menor dos quatro que abastecem o Rio. O volume morto da reserva acumula 131
bilhões de litros. No de Paraibuna são 2,1 trilhões de litros. Com os volumes
úteis de Paraibuna e Santa Branca zerados, restam o de Jaguari, que estava com
apenas 1,72% da capacidade, e o de Funil, com 3,75%, segundo o último
Informativo Preliminar Diário da Operação, do ONS.
Pezão anunciou nesta segunda-feira
um "plano de contingência" para enfrentar os efeitos da estiagem no
Norte e Noroeste do Estado, principalmente na pecuária e agricultura. Há a
previsão de investimentos de R$ 53 milhões - R$ 23 milhões do governo estadual
e R$ 30 milhões do Banco Mundial. Os recursos serão aplicados em sistemas de
nutrição para os rebanhos, afetados pela falta de pasto, e na perfuração de
poços artesianos para uso coletivo, informou o governo. O objetivo é beneficiar
cerca de 13 mil pequenos produtores.
"Algumas cidades podem ser
prejudicadas se a estiagem continuar. Vou me encontrar com a presidenta Dilma
Rousseff na quarta-feira (28) para discutirmos ações e projetos de combate à
seca", disse o governador em entrevista no município de Italva. Também
está previsto no plano anunciado hoje um programa de reflorestamento das
margens dos rios Paraíba do Sul e Guandu. (r7)
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