Empresa alega que, apesar os cortes, medida não caracteriza
'racionamento sistêmico'.
Pior crise hídrica desde 1930.
Sabesp divulga horários em que reduzirá a água
na rede.
Um ano após o início da crise hídrica paulista, a Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) começou a informar somente em 26/01/15, os horários em que cada imóvel da Grande São Paulo é afetado
pela redução da pressão da água na rede. Um levantamento feito pelo jornal O
Estado de S. Paulo em 20 endereços constatou que a restrição no fornecimento é
feita diariamente, começa quase sempre a partir das 13 horas, e pode durar até
18 horas.
A empresa alega que a medida não caracteriza "racionamento
sistêmico".
Para saber o horário em que pode ficar sem água, o consumidor precisa
ligar no telefone 195 da Sabesp, informar o Registro Geral do Imóvel (RGI) -
número que vem discriminado na conta - e esperar a resposta do atendimento
automático.
"A Sabesp realiza a redução de pressão nas tubulações de água da
sua região das 13 horas às 7 horas", disse a gravação na consulta feita
para o condomínio onde mora Tânia Rocha, de 55 anos, no Ipiranga, zona sul da
capital.
O prédio dela é o que sofre com a redução da pressão por mais tempo ao
longo do dia entre os casos levantados pela reportagem em todas as regiões da
capital e em cinco cidades da Grande São Paulo. "É muito tempo sem água.
Se tivessem informado antes, poderíamos nos programar", afirmou Tânia,
cujo condomínio, que era abastecido pelo Sistema Cantareira e agora recebe água
do Guarapiranga, impôs aos moradores três cortes diários no fornecimento para
garantir que os dois reservatórios de 15 mil litros não sequem.
Já o empresário Marcel Agarie, de 35 anos - que mora na região do Parque
São Jorge, zona leste, abastecida pelo Sistema Alto Tietê -, diz que a redução
da pressão ocorria até o fim do ano passado a partir das 20 horas. Agora, a
própria Sabesp admite que o imóvel é afetado pela medida das 13 às 5 horas,
todos os dias. "A maior dificuldade, ainda para uma casa onde vivem seis
adultos e duas crianças, é administrar os horários para usar a água e dar tempo
para todo mundo tomar banho."
A redução da pressão é feita pela Sabesp desde 1997 para reduzir as
perdas por vazamentos, mas foi intensificada após a seca no Cantareira,
provocando cortes no abastecimento de água, inicialmente à noite e em regiões
mais altas. Responsável por 60% de toda a economia de água obtida durante a
crise, a medida, porém, nunca havia sido divulgada pela companhia, até a
reportagem revelar a prática, em abril do ano passado.
A divulgação dos locais e horários em que há redução só foi feita agora
por determinação da Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo
(Arsesp), quando autorizou a Sabesp a cobrar sobretaxa de até 100% na tarifa de
água para quem aumentar o consumo. O presidente da companhia, Jerson Kelman, já
havia dito há duas semanas que intensificaria a medida para economizar mais
água e isso poderia causar "sofrimento à população".
Das regiões levantadas pela reportagem, apenas em bairros do extremo sul
da capital, como Interlagos e Cidade Dutra, abastecidos pelo Guarapiranga, a
redução da pressão começa mais tarde, a partir das 20 horas. E só para o
endereço pesquisado na cidade de São Bernardo do Campo a Sabesp informou que
não adota a prática.
Segundo Antonio Eduardo Giansante, mestre em Engenharia Hidráulica e
Saneamento, bairros mais altos podem ser afetados pela redução da pressão por
um período maior do que o informado pela Sabesp. "Os primeiros a ficar sem
água também são os últimos a recebê-la. Quando a pressão é normalizada, começa
a atender às regiões mais baixas, até ganhar força para subir aos pontos alto.
Isso pode levar horas."
Por telefone, a Sabesp afirma que para que a medida "cause o menor
transtorno na rotina, tenha no imóvel reservação de água adequada ao consumo
dos usuários por 24 horas e verifique se as instalações internas estão ligadas
à caixa d’água e não diretamente à rede da rua". (yahoo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário